Ideia é transformar alguns pontos da cidade em uma biblioteca ao ar livre. Qualquer um que ande pelas ruas pode ter acesso à cultura e histórias.
O projeto “Book Crossing” tem surpreendido muitos moradores e turistas de Águas da Prata (SP). O termo em inglês representa a ideia de cruzar com os livros, como forma de transformar a cidade em uma biblioteca ao ar livre. Os títulos ficam disponíveis em locais públicos para que qualquer um que ande pelas ruas possa ter acesso à cultura e histórias.
Os interessados podem levar a obra para casa, mas com a condição de devolver o exemplar em um espaço público para que outro leitor também possa encontrar o livro. Os títulos, distribuídos pelos organizadores do projeto em pontos do município, ficam embalados em um saco plástico para que a chuva não os danifique. Cada publicação traz uma etiqueta que explica a ação.
Os livros estão em corredores, praças públicas e bancos e empolgam muitas pessoas. “Muito legal eu gostei, vamos esparramar cultura”, disse um dos encarregados, José Vitor dos Santos.
“Eu acho que o que falta no nosso país é a cultura. Tenho uma filha e me preocupo com a educação e a cultura, pois sou de uma época em que havia prazer em se ler um livro nas férias. O hábito da leitura e as viagens que você faz são indescritíveis”, contou a advogada Ana Renó.
Esse tipo de empréstimo começou nos Estados Unidos em 2001 e ganhou o mundo. O projeto surgiu na biblioteca do Instituto Federal, em São João da Boa Vista (SP). Os alunos receberam mais de 300 livros, doados pela comunidade, e resolveram levar para a cidade vizinha.
As obras foram cadastradas em um site, para que seja possível saber de onde vieram e por onde já passaram. “O diferencial que nós temos é o feedback, essa resposta de saber onde o livro está. Se está passeando, se está parado em casa e onde será deixado após a leitura”, relatou o colaborador do projeto João Paulo de Oliveira.
Foi na rodoviária que o historiador Cássio Martins cruzou com um desses livros e começou a ler “As Viagens de Guliver”. “É uma oportunidade diferente. As pessoas, por falta de tempo ou por falta de estímulo, acabam não indo à bibliotecas. Desse jeito acabam se interessando”, comentou.
Nessa corrente, os livros não são de ninguém, mas o conhecimento é de todos. “O livro mesmo é para viajar e para encontrar as pessoas. O conhecimento só se dissemina passando de uma pessoa para outra. E é esse o papel do livro e da biblioteca: fazer as pessoas perceberem que o livro é uma ferramenta poderosíssima”, disse a bibliotecária Thaís da Cunha.
Para “libertar” um livro é preciso cadastrar a obra no site bookcrossing.com.br e informar onde vai deixar a publicação. o site vai gerar um código que deverá ficar colado no livro, junto com a identificação do projeto. Também é possível doar as obras pessoalmente na Câmara Municipal de Águas da Prata, que faz o cadastro direto.
Fonte: G1 São Carlos e Araraquara