Em homenagem ao Mês da Consciência Negra e aos 70 anos da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), a instituição destacou figuras importantes na promoção da diversidade racial na academia. Entre os nomes escolhidos, a professora Ana Cláudia Borges, Bibliotecária, cientista social e docente do curso de biblioteconomia, foi reconhecida por sua atuação acadêmica, política e social. Sua pesquisa e dedicação ao fortalecimento das políticas afirmativas são algumas das contribuições que a tornam referência na UFES.
Desde 2010, Ana Cláudia leciona disciplinas voltadas à gestão da informação e à formação em biblioteconomia, além de desenvolver estudos sobre as relações étnico-raciais e o racismo institucional. Com doutorado em Ciência da Informação e mestrado em Políticas Sociais, sua pesquisa visa a valorização das culturas afro-brasileiras e a promoção da inclusão no ambiente acadêmico.
A professora também compartilha sua experiência sobre o impacto de ser uma mulher negra no ensino superior: “Muitos alunos se surpreendem em me ver como professora. Não tenho a ‘cara’ da professora convencional, e isso gera tanto desconfiança quanto admiração”, comenta, refletindo sobre os desafios e conquistas de sua trajetória.
Além de sua carreira acadêmica, Ana Cláudia Borges coordena o projeto de extensão Inform-Ação e Cultura, que promove atividades educativas e culturais na Grande Vitória, e foi diretora de Ações Afirmativas na UFES, entre 2020 e 2023. Nesta função, trabalhou para fortalecer as políticas de inclusão e diversidade, enfrentando desafios dentro de uma instituição ainda marcada por resistências conservadoras. “Mesmo com a titulação de outros professores, ser mulher e negra ainda gera desconfiança”, observa.
A professora também integra diversos projetos voltados à luta contra o racismo institucional, como o Programa para Enfrentamento do Racismo Institucional e o Projeto Africanidades Transatlânticas, além de colaborar com iniciativas de combate à desinformação, como a Rede de Estudos das Competências (REC/UFES).
Ana Cláudia acredita que sua presença na academia não só desafia as estruturas tradicionais, mas também serve de inspiração para futuras gerações de estudantes negras. “Minha trajetória é um reflexo de quanto ainda precisamos avançar na diversidade, mas também prova de que é possível conquistar esses espaços”, afirma.
Seu reconhecimento durante o mês da Consciência Negra reforça seu compromisso com uma educação mais inclusiva e igualitária, consolidando-a como uma figura chave na transformação da UFES e no fortalecimento da luta racial no Brasil.
A série especial de reportagens está disponível no site da UFES e pode ser acessada no endereço https://4et.us/sn7hqc.