Em entrevista ao PublishNews, o presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6), Álamo Chaves (CRB-6/2790), a deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS), coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa do Livro, Leitura e Escrita, e outras autoridades da área discutiram os alarmantes resultados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil 2024. A pesquisa revelou que, embora as bibliotecas sejam reconhecidas como um patrimônio cultural essencial, apenas 18% da população as enxerga como espaços para empréstimo de livros, uma função tradicional dessas instituições.
Álamo Chaves destaca que uma das principais questões apontadas pela pesquisa é a falta de Bibliotecários qualificados na gestão de bibliotecas públicas e escolares. Para ele, o Bibliotecário tem um papel fundamental na promoção da leitura e no estímulo à participação da comunidade. Nas bibliotecas escolares, por exemplo, esses profissionais realizam atividades como contação de histórias, mediação literária e até mesmo concursos literários, todas voltadas para o engajamento dos estudantes com a leitura. Já nas bibliotecas públicas, as iniciativas incluem lançamentos de livros, oficinas de criação de texto e encontros com autores, além de promover debates e cursos sobre temas culturais e literários.
“Não é preciso reinventar a roda. O que precisamos são investimentos em infraestrutura e recursos humanos qualificados para fortalecer a função das bibliotecas. A presença do Bibliotecário é essencial para a qualidade do serviço prestado, garantindo que as bibliotecas se tornem centros de conhecimento dinâmicos e atrativos para todos os públicos”, explica.
Outra importante revelação da pesquisa foi o crescimento da utilização de bibliotecas digitais, com 6% dos entrevistados que frequentam regularmente bibliotecas também acessando esses espaços de forma digital. Para o presidente Álamo, a expansão das bibliotecas digitais é uma oportunidade, mas também apresenta desafios. “É preciso formar as pessoas para o uso adequado dessas ferramentas. Não basta apenas oferecer dispositivos como tablets ou celulares. O letramento digital é essencial para que os usuários saibam como buscar, acessar e utilizar a informação corretamente”, afirma.
Ele ainda salienta que os Bibliotecários são essenciais nesse processo, pois são eles que orientam e capacitam os usuários para o uso efetivo de recursos digitais, ampliando o impacto das bibliotecas tanto no formato físico quanto virtual.
A deputada Fernanda Melchionna também se pronunciou sobre os resultados da pesquisa, alertando para a necessidade urgente de políticas públicas que garantam o acesso a bibliotecas como um direito fundamental. “O estudo mostra que as bibliotecas, além de essenciais para a educação, são um pilar para o desenvolvimento da cidadania. Por isso, é fundamental que haja políticas públicas que incentivem o uso desses espaços, garantindo seu funcionamento adequado e a presença de profissionais capacitados”, comenta.
Álamo Chaves defende que a solução para muitos dos problemas identificados na pesquisa não envolve soluções complexas ou altos investimentos financeiros, mas sim ações básicas e estruturais, como o cumprimento da Lei Federal n. 12.244/2010, que estabelece a obrigatoriedade de todas as escolas públicas e privadas possuírem bibliotecas. Recentemente, essa lei foi alterada pela Lei Federal n. 14.837/2024, que reforça essa obrigação.
“Se cada escola tiver uma biblioteca bem estruturada, com acervo atualizado e supervisionada por um Bibliotecário, já será um grande passo para melhorar os índices de leitura e, consequentemente, de educação no país. Estudos demonstram que alunos de escolas com bibliotecas têm um desempenho muito melhor em exames como o PISA, por exemplo”, afirma o presidente do CRB-6.
Além das bibliotecas escolares, Álamo destaca a importância do investimento nas bibliotecas públicas. Muitas vezes, essas bibliotecas são o único espaço cultural disponível nas cidades, e um bom atendimento nesses locais pode transformar a vida dos cidadãos ao oferecer acesso a informações e fomentar o pensamento crítico. “Investir em bibliotecas públicas é um investimento pequeno, mas com um retorno social imenso. Pessoas bem informadas e com acesso à cultura se tornam cidadãos mais preparados para participar ativamente da sociedade”, conclui.
A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil 2024 aponta desafios claros para as bibliotecas no Brasil, mas também revela oportunidades de melhoria por meio de políticas públicas, investimentos em formação de profissionais e o fortalecimento das bibliotecas físicas e digitais. Como Álamo Chaves bem coloca, “não é preciso reinventar a roda”. A chave para melhorar os índices de leitura no Brasil está em ações simples, mas eficazes, como garantir o cumprimento da legislação e proporcionar a presença de Bibliotecários em todos os espaços de leitura.
A educadora Bel Santos Mayer destaca o papel das bibliotecas na promoção de direitos humanos e justiça social, propondo que se tornem espaços de transformação e encontro, além do simples empréstimo de livros. Para ela, é essencial integrar as bibliotecas em uma política pública que envolva as comunidades locais e promova a inclusão social. Priscila Ynoue, da SP Leituras, defende a atualização do conceito de biblioteca, tornando-a um ambiente multicultural com atividades culturais e acesso à internet para atrair novos públicos. Adriana Luccisano sugere o uso de redes sociais e influenciadores para engajar mais pessoas e fortalecer o vínculo com a leitura.
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