Harriet Klausner estava longe de ser celebridade: não era alguém que você reconheceria na rua ou ao ouvir o nome por aí. Quer dizer, isso se você não pertencer à bizarra subcultura de avaliadores da Amazon. No site, ela era uma lenda.
Ex-bibliotecária e autoproclamada leitora veloz, Klausner escreveu mais de 31.000 avaliações de livros – todos vendidos no site de comércio Half.com depois de lidos. O número surpreendente, porém, não se expandirá mais. Ela morreu na semana passada aos 63 anos.
Blogs inteiros eram dedicados à leitura de Klausner. Para muitos, as avaliações eram falsas. Poucas das resenhas eram negativas. Em sua bio, ela afirmava ler dois livros por dia. “Fui bibliotecária de aquisições na Pensilvânia e escrevia uma coluna mensal de recomendações”, escreveu. “Descobri que gostava de fazer as avaliações e decidi virar freelancer após o nascimento de meu filho.”
As avaliações de três parágrafos muitas vezes davam um resumo do enredo (muitas vezes errôneos) em duas linhas; a seguir, vinham elogios e a avaliação em quatro ou cinco estrelas. Muitas das avaliações eram de romances popularescos e gêneros toscos. Grande parte aparecia no dia de lançamento dos livros e vários deles pipocavam na lista do Half.com de seu filho antes do lançamento, de acordo com um post da sarcástica Sociedade de Apreciação à Harriet – que, claro, era tudo menos isso. Seus críticos não têm dúvidas de que as avaliações eram pagas.
A natureza prolífica e controversa em torno de Klausner atraíram a atenção da imprensa por meio de veículos como Time Magazine, The Dayton Daily News e Wall Street Journal. Mas após a Amazon ter alterado seu sistema de avaliações, Klausner deu uma sumida de acordo com o Telereads, por mais que as avaliações continuassem (e os haters também).
Klausner escreveu até o fim da vida. Sua última avaliação, datada de 12 de outubro, deu à Adrenaline de John Benedict saudáveis quatro estrelas.
Tradução: Thiago “Índio” Silva
Fonte: Motherboard