Determinação e força de vontade. Essas são as duas características que estimulam o joseense Paulo Fernandes, de 22 anos, a buscar uma segunda graduação, agora há mais de dois mil quilômetros de casa. Mas para realizar a matrícula no curso de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal de Sergipe, Paulo está precisando de uma ajudinha. E é por isso que ele criou uma vaquinha online para arrecadar custos para a viagem, que só de passagem, gasta mais de 800 reais.
“Sempre gostei de estudar. Quando terminei o ensino médio, em 2012, fiz o vestibular para História na Unitau (Universidade de Taubaté) e passei. Eu ia e voltava todos os dias de ônibus, andava a pé da rodoviaria até em casa, no Jardim da Granja, todos os dias. Com bastante dificuldade consegui terminar o curso no ano passado”, conta Paulo.
Mesmo sem ainda ter finalizado a faculdade, já no início de 2016, ele começou a conciliar a graduação com os estudos para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). “Estudei e me inscrevi no Sisu, mas não tinha muita esperança em passar. Mas consegui ser aprovado em Biblioteconomia em Sergipe, que era a minha primeira opção. Fiquei desesperado, porque queria muito ir e não tenho condições de bancar a passagem. Então fui até a casa de umas amigas para pedir ajuda e irmos no sinal vender água. Mas elas me deram a ideia de começar a vaquinha”, diz Paulo.
A vaquinha já conseguiu arrecadar R$ 640. Ele precisa de R$ 800 para estar em Sergipe na segunda-feira (6) e realizar a matrícula. “Eu venho na quarta (8) pra arrumar as minhas coisas aqui e volto assim que as aulas começarem lá. A corrente ainda continua para juntar dinheiro para a próxima viagem também”.
Além da iniciativa na internet, vários amigos do estudante estão doando livros para serem vendidos. O plano de vender água também continua de pé. “Já comprei a água e assim que voltar vou para o sinal vender”, diz Paulo.
Trabalho voluntário
Paulo é professor voluntário no projeto Escola da Família, na Escola Estadual Pedro Mazza, no Jardim da Granja, em São José dos Campos. Dar aulas o ajudou a fixar os estudos. “Durante a semana eu preparava as aulas de Ciências Humanas e suas tecnologias, assim tive que estudar geografia, sociologia, filosofia, português, e no sábado ficava no projeto das 9h às 12h. Eu tinha quatro alunos que nunca faltavam”, conta. As outras disciplinas foram estudadas nas horas vagas.
Fonte: Meon | Laryssa Prado