Cada manhã, ao sair de casa, Nerina Meireles Barcelos (CRB-6/4269) sente a empolgação de quem sabe que o dia a aguarda com novas oportunidades de transformar o conhecimento e a leitura em pontes de conexão entre alunos e o vasto mundo literário. Desde julho de 2024, a Bibliotecária tem feito do Colégio Adventista de Ipatinga seu campo de trabalho e encantamento, onde sua rotina diária é marcada por ações que visam não só organizar, mas também inspirar.
A jornada de Nerina na biblioteconomia, no entanto, não começou de maneira convencional. Antes de abraçar esse novo desafio profissional, ela se encontrava em um período de busca, um ponto de inflexão em sua vida onde sentia a necessidade de encontrar um espaço que fosse verdadeiramente seu, um lugar onde seu conhecimento e sua paixão pela leitura pudessem fazer diferença. Ao chegar ao colégio, o que só foi possível após fiscalização do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6), ela descobriu o que procurava. A biblioteca, que antes poderia parecer apenas mais um espaço de estudos, tornou-se para ela um refúgio do saber, um lugar onde o potencial de transformação dos alunos se mistura com as histórias e os conhecimentos contidos em cada livro.
A primeira tarefa ao chegar ao colégio é, para Nerina, quase uma rotina ritualística: arrumar o espaço, reorganizar as prateleiras e garantir que o ambiente esteja convidativo. É no silêncio da manhã, com as luzes da biblioteca ainda acesas, que ela planeja o dia, visualizando os livros que quer mover, os temas que deseja destacar e os alunos que, ao longo do dia, irão procurar ali um refúgio ou uma nova descoberta. O desejo de tornar a biblioteca mais acessível e dinâmica se reflete em suas ações, que incluem organizar o acervo de forma estratégica, dividindo-o por faixas etárias e temáticas, para que os alunos se sintam à vontade para explorar.
Nos primeiros meses de trabalho, Nerina se dedicou a revitalizar o espaço e a dar nova vida ao acervo, buscando promover uma experiência de leitura mais envolvente e participativa. Criou atividades interativas, como círculos de leitura, nos quais os alunos não apenas leem, mas também compartilham experiências, discutem ideias e refletem sobre o que estão absorvendo. “A literatura não é só sobre o que está no papel, mas sobre o que ela provoca em quem a lê”, diz Nerina. E é exatamente essa ideia que ela busca cultivar, fazendo da biblioteca um local onde o aprendizado vai além das páginas dos livros.
Aos poucos, ela foi introduzindo novos projetos. Um dos mais recentes envolve a criação de uma coleção dedicada à literatura local e regional. Para Nerina, incentivar o conhecimento da história e da cultura local não só fortalece a identidade dos alunos, mas também desperta um sentimento de orgulho pela sua origem. “Quando os jovens se reconhecem nas histórias que leem, eles se conectam com algo maior do que eles mesmos”, afirma ela.
Mas seus sonhos para a biblioteca vão muito além do que já foi realizado. Nerina visualiza um futuro cujo acervo se torna cada vez mais diversificado e inclusivo, com mais opções de leitura digital que tragam a literatura para o presente. Ela também sonha com a criação de clubes de leitura, onde debates mais profundos e criativos aconteçam, e onde os alunos possam se tornar não apenas leitores, mas verdadeiros intérpretes daquilo que estão consumindo.
Embora seu trabalho seja focado no dia a dia escolar, Nerina não deixa de reconhecer a importância da regulamentação e da valorização da profissão. Para ela, o CRB-6 é uma referência vital, não só para assegurar padrões éticos dentro da profissão, mas também para proteger os direitos dos Bibliotecários e fortalecer o papel que a biblioteconomia desempenha na sociedade. “O CRB-6 tem sido essencial para que possamos mostrar a verdadeira importância do nosso trabalho, principalmente no contexto educacional”, comenta.
A rotina de Nerina é repleta de momentos de conexão, seja ao ajudar um aluno a escolher um livro, ao organizar uma atividade de leitura ou ao simplesmente observar o brilho nos olhos de um estudante que acaba de descobrir um novo autor. Para ela, cada livro colocado nas mãos de um aluno é uma oportunidade de abrir um novo mundo, e cada sorriso, uma recompensa. Ela sabe que o que faz no cotidiano da biblioteca tem o poder de moldar não apenas o presente dos estudantes, mas também o futuro deles — um futuro construído página por página, em uma jornada literária compartilhada.
Em sua essência, Nerina é uma tecelã de histórias e sonhos, que acredita no poder transformador da leitura e que, a cada novo dia, encontra na rotina de organizar, planejar e inspirar um propósito maior: o de fazer da biblioteca não apenas um local de estudo, mas um espaço de descoberta, criatividade e pertencimento para todos.