Candidatos expõem propostas de gestão voltadas para a classe bibliotecária
O Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6) entrou em contato com os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte para saber mais sobre as propostas de gestão relacionadas à área. Os candidatos Délio Malheiros, Vanessa Portugal e Marcelo Álvaro Antônio responderam as perguntas abaixo. Confira:
Délio Malheiros (PSD) tem 55 anos e nasceu em Itamarandiba, no Vale do Jequitinhonha. Formado em Direito pela Faculdade Milton Campos, foi vereador de Belo Horizonte, deputado estadual e é o atual vice-prefeito da capital mineira.
O que pretende fazer para garantir a presença de bibliotecários nas bibliotecas públicas e escolares?
As bibliotecas escolares e públicas são muito importantes na política de cultura e de educação em Belo Horizonte. Na Fundação Municipal de Cultura temos 21 bibliotecas públicas, espalhadas por todas as regiões da cidade. Todas essas bibliotecas contam com os serviços de bibliotecários graduados. A rede de bibliotecas escolares é formada por 191 unidades, sendo que 41 delas estão também abertas à comunidade. Garantimos a supervisão de bibliotecários tanto nos serviços quanto nas atividades e projetos desenvolvidos. Além dos bibliotecários, contamos com equipes interdisciplinares que apoiam e potencializam a ação bibliotecária. No Plano Municipal de Leitura, Literatura, Livro e Bibliotecas, que está sendo elaborado por representantes do poder público e da sociedade civil, há diretrizes e recomendações para a qualificação dos quadros de recursos humanos das bibliotecas escolares e públicas, tanto no que diz respeito ao número adequado de profissionais quanto à sua formação continuada.
Como espera melhorar e modernizar esses espaços na cidade?
Precisamos seguir adiante na qualificação das bibliotecas públicas e escolares, investindo na formação continuada de seus profissionais, na melhoria de sua infraestrutura física e tecnológica e em seus acervos bibliográficos, impressos e suportes eletrônicos. Também é necessário apoiar a rede de bibliotecas comunitárias, que cumpre uma importante função na promoção do acesso à leitura na cidade. A implementação do Plano Municipal de Leitura, Literatura, Livro e Bibliotecas, elaborado coletivamente pelo poder público e pela sociedade civil, será um passo importante para a área, pois nos dirá quais são as lacunas e as prioridades para a democratização do acesso à leitura e à escrita na cidade.
Marcelo Henrique Teixeira Dias (PR), conhecido como Marcelo Álvaro Antônio, tem 42 anos e nasceu em Belo Horizonte. Adotou o nome em homenagem ao pai, Álvaro Antônio, que foi vereador, deputado estadual e federal e vice-prefeito de Belo Horizonte.
O que pretende fazer para garantir a presença de bibliotecários nas bibliotecas públicas e escolares?
A presença do Bibliotecário na gestão do conhecimento profissional é fundamental nas bibliotecas públicas, privadas e no mercado. O que vemos hoje é um profissional qualificado, mas desvalorizado. É necessário abrir concurso público com número de vagas suficientes, que venham suprir a necessidade do município e não sobrecarregar o profissional.
Com a implantação do BH VIDAS nas áreas de maior vulnerabilidade, a biblioteca terá um papel de extrema importância, trazendo transformação através do conhecimento. Assim, a presença desse profissional na gestão da cidade vem ao encontro das ferramentas utilizadas nessa área para desenvolver as práticas de leitura e gerenciar as informações, criando na comunidade um sentimento de que as bibliotecas pertencem a ela e de valorização da posição e da atuação do Bibliotecário.
Como espera melhorar e modernizar esses espaços na cidade?
Com o avanço da tecnologia e o desenvolvimento virtual, as bibliotecas também precisam avançar. A implantação de ferramentas com interface dinâmica e de bibliotecas virtuais tem que ser uma realidade diante dessa nova era digital. A importância de apoiar a pesquisa na universidade, as atividades especializadas do Bibliotecário e a gestão do conhecimento e suas competências vem sistematizar o nosso plano de governo e assegurar uma educação mais democrática.
Vanessa Portugal (PSTU) tem 46 anos e nasceu em Boa Esperança, no Sul de Minas. É professora da rede municipal e sindicalista. Foi candidata a prefeita de BH em 2004, 2008 e 2012, a vice-governadora em 2002 e a governadora em 2006 e 2010.
O que pretende fazer para garantir a presença de bibliotecários nas bibliotecas públicas e escolares?
A equipe de governo precisa ter clareza das diferentes funções desempenhadas por bibliotecas públicas e escolares, onde estão localizadas, as situações desses aparelhos e quem são os profissionais que atuam neles.
Belo Horizonte conta com cerca de 200 escolas municipais e UMEIS. Avançamos na questão das bibliotecas escolares desde a implantação do Programa de Bibliotecas da Rede Municipal de Educação, em meados dos anos 1990, quando foram criados os cargos de Bibliotecário – hoje Analista de Políticas Públicas – e de Auxiliar de Biblioteca. Atualmente, todas as escolas do ensino fundamental contam com bibliotecas e auxiliares com jornadas de 6 horas diárias de trabalho. Contudo, ainda é precária a situação de trabalho do Bibliotecário, profissional com nível superior, qualificado para planejar e implantar o serviço. Cada bibliotecário vinculado à Secretaria de Educação coordena de quatro a cinco bibliotecas escolares. E essa coordenação inclui os serviços de compras, organização do acervo, treinamento de auxiliares e professores em readaptação funcional nas bibliotecas, elaboração de projetos de incentivo à leitura e de preservação do acervo, entre outras atividades. É desumano e praticamente impossível este profissional atender adequadamente todas as bibliotecas escolares. Não esqueçamos, ainda, que muitas UMEIS não possuem bibliotecas, nem auxiliares e nenhuma possui acompanhamento de Bibliotecário. O próximo prefeito precisa discutir com a Câmara a necessidade de abertura de concurso público para a contratação de um Bibliotecário por escola para o aperfeiçoamento da gestão das bibliotecas. Outra questão urgente a ser debatida é a reestruturação do plano de carreira deste profissional, que hoje está incluído na carreira de Analista de Políticas Públicas, junto com outras profissões como assistente social, advogado, psicólogo etc. Precisamos dialogar com estes profissionais e conhecer suas propostas para a carreira.
A situação dos auxiliares de biblioteca também é precária. Cerca de 70% destes profissionais, segundo dados da própria categoria, possuem curso superior e recebem metade do salário de um professor, mesmo atuando cotidianamente com os alunos. Os auxiliares trabalham com contação de histórias, teatro, participa dos projetos das escolas, atende três, quatro turmas diariamente e não são reconhecidos como profissionais vinculados ao quadro pedagógico. Eles não possuem os mesmos direitos dos professores, como a folga no mês de outubro, por exemplo. Também não recebem abono fixação, nem vale refeição, mesmo trabalhando jornadas de seis horas diárias. Acabam fazendo atividades que seriam dos bibliotecários, devido à situação já mencionada anteriormente. É necessário reconhecer estes profissionais como parte do quadro pedagógico e atender às suas reivindicações pela revisão do seu plano de carreira.
É necessário também efetivar o projeto de informatização dos serviços destas bibliotecas. Sabemos que a coordenação do programa de bibliotecas escolares possui um projeto, mas ainda não foi implementado.
Por último, precisamos realizar um diagnóstico da situação das bibliotecas escolares. Levando em consideração os relatos das categorias de bibliotecários e auxiliares de bibliotecas, sabemos que muitas delas estão em locais improvisados, com má iluminação e ventilação. Em nenhuma escola existe um profissional da limpeza destinado exclusivamente para este local. As bibliotecas estão em condições precárias de limpeza. Em algumas, os próprios auxiliares limpam, o que é muito sério. Precisamos rever o quadro de profissionais da limpeza das escolas e orientar as direções das escolas para que o profissional responsável pela limpeza da biblioteca não seja sobrecarregado com outros serviços.
Sabemos que Belo Horizonte possui um dos melhores programas de bibliotecas escolares municipais, premiado diversas vezes. São os bibliotecários, auxiliares e professores em readaptação funcional que, mesmo em condições precárias de trabalho, mantêm esses espaços vivos e auxiliam no processo de aprendizagem dos nossos estudantes.
Como espera melhorar e modernizar esses espaços na cidade?
Com relação às bibliotecas públicas, precisamos fortalecer os serviços já existentes, tanto na biblioteca infantil quanto nas bibliotecas dos centros culturais e construir mais bibliotecas, ampliando o acesso da população à leitura e à informação. Atualmente, faltam cerca de cinco bibliotecários na Fundação Municipal de Cultura para o quadro de bibliotecas que já existe. Ou seja, basta contratar estes profissionais por meio de concurso público. Precisamos ouvir a categoria e a população para conhecermos as necessidades dessas bibliotecas, além de realizar o diagnóstico para conhecer melhor a situação desses espaços. Precisamos também ampliar o acesso à internet por meio de wi-fi nos centros culturais, bibliotecas públicas e escolares. Atualmente, este acesso está limitado a algumas regiões da cidade. É necessário também ampliar os equipamentos de informática tanto nas bibliotecas escolares quanto nas bibliotecas públicas. Também sabemos que está em andamento o processo de informatização das bibliotecas públicas. É necessário garantir a sua conclusão como parte do processo de melhorias dessas instituições, pois a informatização atende tanto às necessidades dos profissionais quanto a comodidade da população, que poderá acessar os dados dos acervos e os serviços das bibliotecas por meio da internet.