O Brasil não é um país conhecido por sua quantidade de leitores. Pelo contrário, da população de 178 milhões de pessoas, apenas 88,2 milhões costumam ler, de acordo a última pesquisa feita pela Instituto Pro-Livro.
Com o objetivo de contribuir para a melhora desse quadro, as ações BiblioSesc e Ponto de Leitura Avançado, realizadas na região metropolitana de Belo Horizonte, são duas apostas. Ambas partem da premissa de que facilitar o acesso a obras literárias, jornais e gibis, locomovendo o acervo de bibliotecas para locais de fácil acesso e que sejam agradáveis são ferramentas fundamentais para mudar o cenário.
Dessa forma, elas partilham as dificuldades do árduo caminho de trazer a população para as bibliotecas. “Não é tão fácil quanto convidar um amigo para ir assistir ao jogo do Atlético contra o Cruzeiro”, brinca a chefe do departamento de coordenação das bibliotecas e promoção da leitura da Fundação Municipal de Cultural (FMC), Fabíola Ribeiro, que completa: “Mesmo assim, já notamos que tem crescido o número de pessoas que criam uma relação de fidelidade e que se apropriam das bibliotecas”.
Essa impressão é fruto direto de um esforço de trazer mais pessoas para as bibliotecas, o que, no caso do Ponto de Leitura Avançado, não significa levar para “dentro” elas. Na execução dos projetos, o acervo de livros de centro culturais é levado para espaços a céu aberto. “Sempre houve uma dificuldade natural das pessoas de entrarem em bibliotecas. Por isso resolvemos levá-la para fora. Não precisamos mais abrir uma porta para as pessoas entrarem”, comenta o gerente do Centro Cultural da Pampulha, Marcelo Derussi.
Segundo ele, a aderência da população é notada todas às sextas-feiras, das 15h às 17h, quando o acervo vai parar na praça em frente ao centro. “A participação tem sido fantástica. Aproveitando isso, montamos uma rádio que transmite poemas falados, de artistas mineiros como Ricardo Evangelista, e músicas de nomes como Vinicius de Morais e Tom Jobim. Assim, os presentes apreendem por absorção de experiência”, diz Derussi.
Com cerca de 7.000 exemplares entre romances gibis e revistas, o Centro Cultural da Pampulha não é a única unidade com o serviço. “Vários centros têm o mesmo programa, como o Alto Vera Cruz, Jardim Guanabara e São Geraldo”, afirma Fabiola. Os locais dos centros podem ser consultados em www.pbh.gov.br.
Mobilidade. Outro projeto que também existe para facilitar o acesso a materiais de leitura é o BiblioSesc, que chega em seu segundo ano de atuação. O funcionamento é simples: dois caminhões percorrem semanalmente bairros na região metropolitana de Belo Horizonte, onde os moradores podem tomar emprestados ou ler no dentro do veículo. “Em cada um dos caminhões temos cerca de 3.000 títulos. Com eles esperamos atender comunidades distantes”, diz a analista de arte e cultura da Coordenação de Bibliotecas do Sesc-MG, Kadidja Martins.
Com sucesso de público, o projeto desdobrou-se. “Em datas especiais, temos programação especial interativa, como teatro, e já pensamos em ter pontos fixos”, revela Kadidja.
BiblioSesc
Em Belo Horizonte, o caminhão do Sesc passa por quatro locais, entre 9h30 às 16h. Para retirar um livro, basta ter em mãos carteira de identidade e comprovante de residência.
– segundas, no bairro Nova Cintra, região Oeste (rua Herculano Mourão Salazar, nº 95 A);
– terças, no bairro Leblon, Zona Norte da cidade (rua Visconde de Itaboraí, nº 304);
– quartas, no bairro Paulo VI, região Nordeste (rua Itarumirim, nº 2);
– quintas, no bairro São Paulo, região Nordeste (rua Angola, nº 271)
Fonte: O Tempo