Há algum tempo não falo com o inquieto jornalista cultural de Juiz de Fora Jorge Sanglard. Passeando esses dias por sites brasileiros de cultura, me deparei com artigo que ele publicou há uma semana no sítio www.cronopios.com.br . Fico sabendo ali que a Biblioteca Comunitária Pedro Nava, situada no bairro Monte Castelo, em Juiz de Fora, está recebendo a doação da máquina de escrever Remington e da cadeira de encosto do grande memorialista brasileiro que dá nome à biblioteca, por ocasião da data que marca os 110 anos de nascimento do escritor, exatamente neste 3 de junho.
O ensejo é luminoso para Sanglard discorrer sobre a obra e as ideias do autor, no artigo intitulado “Pedro Nava 110 anos – o tempo não mata o passado”. Reverenciar o legado de Nava (1903-1984) é chamar a atenção para uma contribuição imprescindível para a cultura brasileira.
Felizmente a editora Companhia das Letras está cuidando, desde o ano passado, da reedição da obra do escritor juiz-forano que viveu também em Belo Horizonte, onde exerceu a medicina. Pedro Nava é um dos responsáveis por meu interesse por história e literatura, pela forma peculiar e inventiva com que ele uniu esses dois universos.
É uma obra recomendadíssima a quem não conhece, assim como o artigo de Jorge Sanglard no sítio já citado, que faz uma síntese da rica herança de Nava.
Sites culturais aliás, transbordam boas descobertas – em meio a tantas bobagens com que trombamos na internet – e me arrisco aqui a dar algumas dicas.
Um dos mais amplos é o do Instituto Moreira Salles (WWW.ims.uol.com.br). Como o instituto criou uma estrutura museográfica, possui acervo de alguns dos mais importantes artistas brasileiros nas áreas de música, fotografia, literatura e artes visuais. É possível conhecer então trajetórias de nomes como Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Clarice Lispector, Carlos Drummond. Dentre outros bons acepipes o sítio abriga um dinâmico blog, a rádio Batuta, as revistas “Serrote” e “Zum”.
O Itaú Cultural é também outro endereço virtual de um consistente programa nas mais diversas expressões, da arte-educação à criação em artes visuais com recursos da tecnologia. Oferece, dentre outros atrativos, uma enciclopédia cultural com mais de 7.000 verbetes e uma midiateca.
Se seu interesse é por museus virtuais, conheça por exemplo o nosso Museu do Clube da Esquina (www.museuclubedaesquina.org.br/). Veja fotos quase adolescentes dos hoje consagrados Milton Nascimento e Lô Borges. Há vídeos, entrevistas, blog e até histórias de amigos e familiares que acompanharam o Clube da Esquina.
Na área do audiovisual, o Cinemateca Brasileira (www.cinemateca.com.br) apresenta seu trabalho pela preservação e difusão da produção audiovisual brasileira, cuidando de um acervo de 200 mil rolos de filmes. Já as novidades do cinema comercial podem ser acompanhadas em vários sites, dentre eles o www.adorocinema.com .
Uma referência sobre música brasileira é o www.institutocravoalbin.com.br , que abrange o “Dicionário Cravo Albin”, a revista “Carioquice”, o kit MPB nas escolas e ainda catálogos temáticos. Todo esse acervo é fruto do trabalho do musicólogo Ricardo Cravo Albin, baiano radicado no Rio de Janeiro. Dificilmente não se encontrará nesse sítio, algo que seja relevante na música brasileira. Só o dicionário conta com cerca de 7.000 verbetes. O piauiense-mineiro Makely Ka, por exemplo, um dos nomes da nova geração da música, já está lá devidamente catalogado.
Tento imaginar Pedro Nava escrevendo para futuras gerações as memórias contemporâneas. Não chego a uma conclusão, mas inegável é que ele teria hoje um universo de informações para criar a sua saborosa literatura.
Fonte: O Tempo | Júlio Assis