A Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) possui uma estrutura pioneira no Brasil no uso de biblioteca digital, oferecendo diferentes serviços para seus associados. A biblioteca está conectada à rede internacional de bibliotecas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e oferece acesso a mais de sete mil títulos de revistas disponíveis em todas as especialidades e milhares de artigos disponíveis em motores de busca e bases de dados como Medline, Pubmed e Lilacs. Mas seu principal diferencial está no trabalho oferecido por uma equipe que conta com as Bibliotecárias Míriam Conceição Oliveira Carvalho (CRB-6/1250) e Cristiane Monique Castilho de Matos (CRB-6/3425).
Cristiane Monique, a direita, e Míriam Conceição fazem parte da equipe que trabalha na biblioteca virtual da AMMG (Foto: Arquivo pessoal)
Míriam é coordenadora da biblioteca e explica quais as características específicas de seu funcionamento. “Atuamos diretamente com questões médicas, na parte de apoio nas questões de pesquisas clínicas e também antecipando as demandas dos médicos, criando serviços de alerta, assessoria científica, ou oferecendo material para montar aulas ou palestras. Material este que também é disponibilizado para os participantes, baseado no modelo Flipped Classroom”, contou. O pioneirismo dos serviços oferecidos é reconhecido nos diversos eventos e congressos da área e profissionais de outros estados também procuram o atendimento da biblioteca da AMMG.
O apoio prestado por elas na área clínica tem se tornado muito importante no suporte para o trabalho desenvolvido pelos médicos no atendimento aos pacientes. “Recebemos uma demanda sobre determinada doença ou conjunto de sintomas e entramos na parte da pesquisa para ajudar a esclarecer o diagnóstico ou mesmo trazendo as publicações mais recentes sobre possíveis tratamentos. Nossa função não é de gerenciar uma biblioteca digital, mas sim de usar nosso conhecimento como Bibliotecárias para agilizar a busca, usando as ferramentas disponíveis para trazer a informação que melhor condiz com as demandas. Em geral, os médicos não dominam como nós qual o caminho a ser percorrido até se encontrar a informação, qual a melhor estratégia de busca, quais ferramentas, quais são as palavras e termos chaves e até mesmo qual a melhor base de dados para se realizar uma procura. Essa é a nossa função”, explicou Míriam.
Míriam exemplifica a diferença de seu trabalho com o de uma biblioteca tradicional ao falar sobre um ponto fundamental quando se atua na área da saúde: o tempo. “Tenho acesso a artigos que foram publicados hoje em qualquer lugar do mundo. Quanto tempo as informações contidas nele demorariam para chegar até os médicos se fosse pelo processo tradicional? Na melhor das hipóteses levariam meses ou anos até estarem disponíveis nas prateleiras, com o risco de nunca chegarem”, descreveu.
Para Cristiane, trabalhar no suporte às atividades clínicas é gratificante. “É um trabalho muito importante no mundo de hoje, com o grande número de doenças que chegam até nós. Sem contar que também estamos dando suporte para a atualização médica e a ajuda que damos aos profissionais pode estar salvando vidas ou restabelecendo a saúde de alguém. Desenvolvemos uma atividade de grande responsabilidade”, afirmou.
Cristiane destaca que também são oferecidos cursos para que os médicos possam aprender a melhor forma de usar a biblioteca virtual. “Oferecemos um treinamento atendendo a demanda de cada um. Observamos quais as dificuldades ou demandas de cada médico e ensinamos como usar as ferramentas da melhor forma. Atualmente, estes cursos são mais procurados por professores e acadêmicos”.
De acordo com o médico Gabriel de Almeida Silva Júnior, vice-presidente da AMMG, os resultados obtidos com a biblioteca virtual são excelentes. “Hoje, temos outros estados nos procurando para buscar como replicar essa experiência, pois ela é muito útil aos médicos e oferece um serviço fenomenal para os médicos. Considero essa uma experiência com a biblioteca muito exitosa”, afirmou. Ele ressaltou também que, durante o período da pandemia da covid-19, o trabalho de filtragem e divulgação de dados científicos foi fundamental.
Almeida, que também é professor e atua nas áreas de ginecologia e mastologia, conta que recebe constantes os e-mails de alertas emitidos pelo sistema, que servem para que ele selecione os artigos mais importantes em sua área de trabalho. “Através do meu cadastro, eu selecionei os temas dos quais quero ser informado de novas publicações e recebo no meu e-mail uma lista com as mais recentes publicações, onde posso ler o título de cada trabalho e separar para ler. Então, sou alimentado das informações de que preciso de forma praticamente instantânea”, descreveu. O médico lembrou também que, quando se formou, há mais de 30 anos, o acesso aos artigos eram bem mais demorados e que, com os serviços oferecidos pela biblioteca virtual, até mesmo a produção científica ganha agilidade.
Perguntada sobre o futuro da profissão, Míriam diz não acreditar que as bibliotecas digitais vão substituir as tradicionais. “O espaço virtual é uma nova área, mas os documentos físicos e livros são muito importantes e possuem seu lugar. Aqui, atuamos em uma área específica, com demandas muito próprias. É fundamental que os Bibliotecários estejam aptos a compreender as mudanças de nosso campo de atuação e se adaptar à nova realidade e suas exigências. Se nós soubermos reagir a todas essas mudanças o nosso papel vai ficar cada vez mais importante e com maior destaque.