Fábio José Mesquita Lara Júnior (CRB-6/3663) chega à Biblioteca Pública de Ouro Branco às 9h e a primeira coisa que faz é verificar as mensagens do WhatsApp. Ali, acontecem 50% dos serviços de referência, é o que ele diz. “Dessa ferramenta, não dá para abrir mão!”. Logo depois, ele verifica as reservas realizadas no sistema (lá, é utilizado o sistema Sophia), também confere a “recolha” de obras consultadas. Mais tarde, seleciona itens para acrescentar às coleções e sempre recorre ao catálogo da Biblioteca Nacional. Por fim e não menos importante, fica atento às pessoas: “podemos parar tudo por elas, é a parte mais prazerosa do ofício!”, diz
A essa rotina, Fábio chama de acolhimento. “Estamos resistindo, apesar dos novos modos de acesso à informação”, diz. Para ele, diante de tudo que se apresenta como solução informacional, o que resta é “ser humano”. “Bibliotecários modernos têm de gostar de pessoas: elas têm muitas necessidades de informação para tudo!”, avalia.
Natural de Barbacena, Fábio foi auxiliar de cozinha antes de a biblioteconomia entrar em sua vida. Como leitor real da Biblioteca Pública de Barbacena, certa vez ele ouviu dos corredores que haveria uma palestra sobre biblioteconomia. Só que não compareceu. No entanto, enfeitiçado pelo termo, jamais o esqueceu.
Ao receber a nota do ENEM, em 2013, foi o primeiro curso que lhe veio à cabeça, pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, a UNIRIO. Logo no segundo período, conseguiu estágio na Escola Britânica do Rio de Janeiro. Ele prosseguiu no curso, fazendo estágio e absorvendo o máximo de conhecimento possível. Logo que se formou, atuou numa biblioteca escolar do Rio de Janeiro, só que sem muitas perspectivas. “Temos que ser honestos: nem todos os lugares estão preparados pra gente!”.
Então, prestou concurso para Bibliotecário municipal em Tiradentes e foi ali a virada de chave. “Atuei por um ano e meio: foi lindo! Lá, descobri que trabalhamos para e com pessoas!”.
O profissional avalia que enxergar as pessoas em seu dia a dia é essencial para seu bom trabalho. Assim, Fábio busca entender a dinâmica de quem vai à biblioteca por meio da leitura de perfis. “Simplesmente não há padrão: uns querem algo exato – a eles poupamos o tempo e vamos à ação de entender a demanda e entregar o recurso! Para outros, a entrevista: mostramos o que há sobre aquilo que buscam. E, nesse processo nós também acabamos por conhecer melhor o nosso potencial”, destaca.
Fábio enxerga as fiscalizações do CRB-6 de imensa importância para a classe e de extrema necessidade para as bibliotecas, tanto públicas quanto particulares. “Dizer que é essencial é ‘chover no molhado’. Acompanho as ações e as acolho sempre imaginando: agora tal lugar terá um de nós! Só fortalece o que somos e quem queremos ser!”.