Casos chamam a atenção por envolver atividades culturais
Nas últimas semanas, duas ações movidas pela Prefeitura de Belo Horizonte ganharam destaque na mídia. Em comum, elas envolvem moradores da capital que decidiram promover a cultura de forma pouco convencional.

Trabalho do artista Felipe Arco na capital mineira (Foto: Instagram – @Felipe_Arco
Em um dos casos, o grafiteiro Celso Felipe Marques Rosa, conhecido como Felipe Arco, foi denunciado à Polícia Civil devido às poesias que escreve nas lixeiras da capital. Ele recebeu uma intimação há cerca de um mês para prestar esclarecimentos na Delegacia de Meio Ambiente de Belo Horizonte. A princípio, o artista precisará pagar as multas e, talvez, limpar os equipamentos públicos danificados por ele.
Felipe Arco contou ao Estado de Minas que já consultou um advogado para verificar a questão. “Provavelmente, não serei preso, mas o que meu advogado falou é que se eu não conseguir um diálogo com a prefeitura, eles vão continuar me mandando intimações e multas. Não vou parar de fazer o trabalho, e eles vão continuar me mandando multas”, disse na ocasião. O artista está coletando assinaturas para tentar reverter a decisão.
No dia 18 de setembro, durante uma visita feita ao Viaduto Moçambique, onde está sendo grafitada mais uma peça do programa municipal Gentileza, o prefeito Alexandre Kalil se manifestou sobre o caso. “Não se pode confundir baderneiro com artista. Por que processou? Vamos lá na procuradoria ver o que aconteceu. Fiquei sabendo disso, mas agora a gente tem que resolver. Se for um projeto para poesia na lixeira, a gente vai tirar o que está na lixeira e padronizar.”
Casa da Árvore
O outro caso foi denunciado pela vereadora Áurea Carolina em sua conta do Facebook. No dia 13 de setembro, foi apresentada uma notificação de despejo para a “Casa da Árvore”, construção feita por três moradores de rua embaixo de uma mangueira na Avenida Barão Homem de Melo, região oeste de Belo Horizonte.
“O local, além de servir de moradia, transforma o espaço público de forma criativa e se abre ao bairro como um ponto de cultura”, destacou Áurea em seu post. O morador Warlei Nunes enviou uma carta para a regional Oeste para informar que a construção hoje abriga cerca de mil livros doados ou encontrados no lixo e funciona como uma biblioteca comunitária para as pessoas que não têm acesso à leitura.
Com a pressão popular, o caso teve um desfecho positivo. No dia 16 de setembro, dois dias após a denúncia, a vereadora postou que “a secretária [de Políticas Sociais] Maíra Colares e a chefa de gabinete do secretário [de Cultura] Juca Ferreira entraram em contato conosco informando que não haverá despejo e que a situação está sendo contornada dentro da prefeitura.”
Apesar de toda a repercussão positiva, o local foi destruído por um incêndio na noite do último domingo, 24 de setembro. Ainda não se sabe se a ação foi criminosa ou não. Os moradores não se feriram, pois no momento estavam visitando alguns vizinhos. Os livros, porém, foram todos destruídos. Acompanhe a repercussão do caso na página da Casa da Árvore no Facebook.”