Trabalho com pesquisa de tendências, mas estudei design gráfico e biblioteconomia. Esse e mais 2 textos (Parte II e Parte III) mostram como foi que cheguei até aqui.
Quando eu era criança, costumava dizer que queria ser desenhista; acabei cursando Desenho Industrial com habilitação em Programação Visual (mais conhecido como Design Gráfico) no Mackenzie. Na faculdade, me encantei pela teoria do design: projeto, forma-função, semiótica, organização da informação visual e a relação dos elementos gráficos no layout.
Nas voltas que a vida dá, fui estudar Biblioteconomia, e aqui cabe um “parênteses”, porque essa palavra suscita muitos pontos de interrogação em muitas pessoas. Vamos lá: essa graduação (que fiz na ECA-USP), muito longe de “ensinar a arrumar estante de livros”, capacita os alunos a conhecer fontes de informação e buscar, selecionar e organizar conteúdos (disponíveis em impressos ou na internet, texto ou imagem ou som ou o que quer que seja…) que sejam confiáveis, relevantes e adequados para o “cliente” (sim, cliente, não usuário; usuário é estranho, pois lembra usuário de drogas, usuário do metrô…), seja esse “cliente” um aluno de ensino fundamental (bibliotecas tradicionais) ou para um executivo de uma multinacional (centros de informação em empresas). Mais um adendo: acho que cliente não é o termo perfeito, mas é o mais adequado se considerarmos que o trabalho do bibliotecário é prestar um serviço, e que a informação não é “usada” pelo usuário, e sim “utilizada, tornada útil” pelo cliente. Fecha parênteses.
Bom, continuando, nesses 9 anos de prática profissional, somando conhecimentos da biblio e do design, fui percebendo que é possível criar pontes de sentido entre diferentes informações aparentemente desconexas, através de sínteses e agrupamentos analíticos.
Chamo de design de informação o modo como a informação é apresentada ao cliente. Não estou falando de “colorir” ou “enfeitar” para evitar a monotonia textual, e sim, organizar o conteúdo informacional, categorizando, agrupando, sintetizando, de modo a criar conexões entre os textos que revelem um novo significado. Sim, o todo deve ser maior que a soma das partes, porque não estamos falando de mera compilação de informações, um ajuntamento de coisas sobre um mesmo tema; estamos falando de uma análise que se propõe a direcionar o olhar do cliente, e que vai além de suas expectativas.
Aqui cabe outro parênteses: muitas pessoas querem informação que traga uma resposta, mas nem sempre sabem fazer a pergunta certa. Cabe ao pesquisador de conteúdos, muitas vezes, trazer novas hipóteses que ampliem a visão do cliente.
Atualmente, o “design” está em voga, e se tornou adjetivo, sinônimo de beleza. No entanto, design é substantivo, significa “projeto”, uma consciência entre forma e função, aliado à estética. Paralelamente, o design de informação é justamente projetar como a informação será apresentada, tanto em sua forma (tipo de arquivo, legibilidade, cores, etc), quanto em seu conteúdo (mensagem a ser transmitida), sempre adequada ao público-alvo, obviamente.
Em um mundo onde se valorizam cada vez mais os elementos visuais, em detrimento do textual, e no qual a superficialidade (referente à superfície, não necessariamente ao supérfluo) é a manifestação mais tangível do que nos chega aos olhos, o design de informação é, na minha opinião, o ponto de equilíbrio entre forma e conteúdo.
Que o visual não se torne decorativo nem sobrepuje o conteúdo; que o textual não seja sisudo ou enfadonho, nem prescinda de ser atraente e agradável. Essa é a sinergia que vejo entre o design e a pesquisa de informação.
Fonte: Falando de Tendências