O cantor Lulu Santos escreveu que “tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo. Tudo muda o tempo todo no mundo”, porém, alguns lugares acabam se tornando pontos de referências para histórias e um sentimento de pertencimento, como as bibliotecas e livrarias.
A notícia do fechamento da tradicional Livraria do Ouvidor, em Belo Horizonte, é um exemplo dessas situações que provocam comoção para quem compreende a importância desses lugares na história de uma comunidade a ponto de virar notícia e estimular discussões.
O fechamento de livrarias físicas pelo aumento do consumo de e-books foi um dos temas apresentados no Jornal BandNews Minas 1ª Edição, pela rádio BandNews BH, dia 1º de março. O presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região Minas Gerais e Espirito Santo (CRB-6), Álamo Chaves (CRB-6/2790), foi entrevistado sobre o assunto.
Ele afirmou que a comunidade atendida por essas livrarias, principalmente quando são instituições já consolidadas, como no caso da Ouvidor, perde um espaço de socialização cultural, de compartilhamento do conhecimento, de encontros e trocas de experiências. “Quando uma livraria fecha, a cidade fica mais pobre”, destacou.
Álamo ainda apontou a concorrência com a internet como um dos principais fatores para o fechamento. “As lojas virtuais e os grandes grupos de varejo vendem os mesmos produtos com custos menores, uma vez que a logística é mais eficiente com o maior volume. A tributação brasileira também é considerada enorme. No ano passado, o Governo Federal quis tributar os livros, justificando que as pessoas pobres não os leem. Ou seja, na visão distorcida do Governo, somente ricos leem e, por isso, não haveria problemas nessa tributação. Felizmente, a proposta não prosperou. Contudo, é bom ressaltar que, mesmo com a praticidade de comprar pela internet, as livrarias on-line não propiciam a socialização dos tradicionais espaços físicos”, avalia Álamo.