
Désio Ferreira mantém uma biblioteca comunitária com cerca de 3 mil livros na parte da frente de casa, no bairro Granada (Foto: Cleiton Borges)
Natural de Tupaciguara, cidade vizinha, o radialista Désio Ferreira passou duas temporadas em Uberlândia na juventude, na década de 1950, para complementar os estudos. Depois de mais de 30 anos, retornou definitivamente à cidade, já casado e pai de três filhos. De modo que viveu a Uberlândia de ontem e de hoje. Fixado há 23 anos no bairro Granada, na zona sul, ele deu contribuições à comunidade que o acolheu nos campos social, religioso e educacional, por meio da fundação de um centro espírita e de uma biblioteca comunitária.
Nascido em 31 de março de 1936, Ferreira veio a Uberlândia pela primeira vez com cerca de 16 anos, matriculado no Colégio Brasil Central. Instalou-se na casa de parentes, no bairro Martins, que ainda era separado da região central pelo córrego São Pedro, onde atualmente é a avenida Getúlio Vargas. “Atravessávamos o córrego em pinguelas nessa época, como se fossem pontes, e uma das atrações da região era o Mercado Municipal”, disse.
Radialista aposentado, Ferreira se recorda da pequena cidade que encontrou, cortada pela linha do trem, com aglomerações dispersas pelo território. “Onde hoje está situado o viaduto, na avenida João ¬ Naves de Ávila, tinha um viaduto férreo, de quase 100 m de altura”, afirmou. Ele também se lembra da dificuldade de tomar um ônibus para os povoados situados longe do Centro, como o bairro São Jorge, vizinho ao Granada, onde se fixaria anos depois.
Terminado o ginásio, equivalente ao ensino médio, Ferreira passou uma temporada em Belo Horizonte, onde deu seguimento aos estudos, e voltou a Uberlândia com cerca de 23 anos, para cursar contabilidade, profissão que acabou não exercendo. Depois, só voltou à cidade em 1985, já casado em com três filhos criados. Depois de passar por diferentes ruas do Centro da cidade, que reencontrou totalmente estruturado, se instalou no bairro Granada, em 1992.
Quando se mudou para uma das quadras iniciais da rua Edson Mauro Strack, havia cerca de cinco casas construídas no bloco. “Não demorou para o bairro triplicar. Hoje, tem quase 80 casas só no meu quarteirão”, disse Ferreira. Foi lá que o tupaciguarense realizou um sonho: construir a própria morada, com espaço para fundar um centro espírita ao fundo e uma biblioteca comunitária à frente.
Contribuições
Fundada há quase 20 anos, nos fundos da casa de Désio Ferreira, a Casa de Oração Serapião Ribeiro ampara a comunidade não apenas espiritual, mas também materialmente, por meio de doações. A adesão dos uberlandenses à iniciativa fez com que o centro ganhasse sede própria, no Residencial Camaru, onde recebe cerca de 250 pessoas por semana. Atualmente, a entidade trabalha na construção de um refeitório.
Com um acervo de cerca de 3 mil livros, a Biblioteca Comunitária do Granada foi fundada na frente da casa de Désio Ferreira, há 13 anos, como um desdobramento do término das atividades do Lar Chico Xavier, onde Ferreira atuou como professor. “Recebi a doação de muitos livros e resolvi dar utilidade a eles”, afirmou.
O conceito de biblioteca do radialista é diferente. “Aqui, o livro está apenas de passagem, a pessoa pode devolvê-lo ou passá-lo adiante. O que importa é que os livros saiam da estante e sejam abertos. Apenas assim a biblioteca cumpre sua verdadeira função”, afirmou Ferreira, que já escreveu mais de 100 crônicas.
Fonte: Correio de Uberlândia