Data de publicação: 08/02/2013
Por UFMG Notícias
Divulgado na última quarta-feira, dia 6, o Ranking Web of Universities (Webometrics) põe em evidência a discussão sobre o papel das universidades na oferta de informações para o público por meio da rede mundial de computadores. O ranking é organizado pelo Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), entidade ligada ao governo espanhol e que se dedica ao fomento da investigação científica e tecnológica.
Das instituições brasileiras até a 500º posição, todas são públicas, sendo nove federais e três estaduais. A UFMG ocupa a sétima posição na lista das brasileiras.
Nesta edição do Webometrics, 12 universidades brasileiras figuram entre as 500 melhores do mundo. O levantamento – que, de acordo com seus organizadores, tem por objetivo motivar as universidades a aumentar a presença na internet – avalia as universidades quanto à qualidade do conteúdo publicado, levando em consideração as citações externas ao domínio da página universitária em que a publicação aparece.
O ranking, divulgado semestralmente desde 2004, também avalia itens como presença – o número total de páginas hospedadas no domínio da universidade; abertura de arquivos anexados (em formatos pdf, doc, docx e ppt) disponíveis em sites relacionados; e excelência – trabalhos acadêmicos presentes em grandes publicações internacionais.
Estudioso dos sistemas de avaliação das universidades, o professor Ricardo Hiroshi Caldeira Takahashi (na foto, do Arquivo UFMG) explica, em entrevista ao Portal UFMG, que o Webometrics tem como base o princípio de que o conhecimento deve ser entendido como um patrimônio da humanidade, e que as universidades precisam assumir a dupla tarefa de disponibilizar e referendá-lo, “permitindo aos cidadãos reconhecer o que é conhecimento científico e distingui-los das diversas formas contemporâneas de pseudoconhecimento”.
Para o pesquisador, porém, não há um esforço institucional das universidades brasileiras com o intuito de oferecer mais informações de qualidade pela internet. “O que temos, embora já seja muito, ainda é resultado de esforços localizados”, analisa Takahashi, que, nos últimos anos, vem estudando não apenas os resultados, mas também as cestas de parâmetros utilizadas pelas instituições responsáveis pelos rankings de universidades.
O que é o Webometrics e o que ele avalia?
Trata-se de um ranking importante, conduzido por grupo espanhol que tem um trabalho bastante sério e respeitado no meio acadêmico. No entanto, é importante de partida dizer que o Webometrics não se propõe a representar um ranking que diga respeito à totalidade das questões que compõem uma universidade. Nisso ele se distingue da maioria dos outros rankings, pois mede, de maneira bem específica, a presença das universidades na internet.
Que tipo de indicadores ele usa?
O Webometrics mede principalmente a quantidade de informação que as universidades disponibilizam em seus sítios institucionais (medido em termos de número de páginas web existentes). Em parte, tenta também mensurar a “densidade” da informação disponibilizada, ponderando com maior peso, por exemplo, arquivos no formato PDF – que se supõe que tenham maior probabilidade de conter textos acadêmicos mais completos.
Há grandes diferenças entre os resultados do Webometrics e outros rankings mundiais?
No geral, o Webometrics não é completamente “descolado” dos rankings mais gerais, como o de Shangai, o QS e o THE. As universidades presentes em um tendem também a estar no outro; no geral a ordem em um ranking é bastante correlacionada com a ordem no outro. No entanto, o Webometrics tende a apresentar maior divergência em relação aos outros rankings do que os outros entre si. Isso seria de se esperar, já que o que está sendo medido, neste caso, é bastante diferente. Em geral, as universidades brasileiras se saem melhor no Webometrics do que em outros levantamentos.
Por que isso acontece?
Não tenho certeza, mas eu conjecturo que isto esteja relacionado com restrições à circulação de informação em universidades no exterior, com a própria concepção de universidade como entidade que teria o papel de promover essa circulação. Algumas boas universidades, mundo afora, de fato não se enxergam como tendo tal missão. Outra explicação, menos positiva em relação às universidades brasileiras, está relacionada com seu “tamanho”: no caso das páginas web, ao contrário, por exemplo, dos artigos em periódicos indexados, não há obstáculo para que qualquer pessoa “publique” material, favorecendo, dessa forma, as universidades brasileiras que são “relativamente grandes” quando comparadas às congêneres no resto do mundo.
Como vê a UFMG nesse cenário?
Não se pode afirmar que ela esteja “mal posicionada” no Webometrics. Entretanto, em comparação com outras universidades brasileiras que normalmente não aparecem à nossa frente nos rankings, e que nesse caso estão bem à frente (UFRGS, UNB, UFSC), fica claro que teríamos potencial para nos sair muito melhor. Na verdade, pode-se afirmar que nunca tivemos uma preocupação institucionalizada em oferecer mais informações de qualidade para o público através da internet. O que nós temos, embora muito, ainda é resultado de esforços localizados.