As histórias em quadrinhos no Brasil começaram a ser publicadas no século XIX
A comemoração foi instituída pela Associação dos Cartunistas de São Paulo em homenagem à data da primeira publicação de As Aventuras de Nhô Quim, em 30 de janeiro de 1869. Ângelo Agostini foi pioneiro dos quadrinhos em território nacional e apresentava em seus desenhos temas de sátira política e social.
Em 1905 surge a primeira revista de quadrinhos do Brasil, a revista O Tico Tico, com trabalhos de artistas nacionais, como José Carlos de Brito e Cunha, conhecido como J. Carlos. O personagem de maior sucesso da revista era Chiquinho, porém um grupo de cartunistas alegou que este era, na verdade, uma cópia do americano Buster Brown, de Richard Felton Outcault.
Quase trinta anos após o surgimento da revista Tico Tico, Adolfo Aizen – conhecido como o pai dos quadrinhos – publica o Suplemento Juvenil, no jornal A Nação, que continha histórias de personagens norte-americanos, já que Roberto Marinho havia recusado lançar as hq’s no O Globo. Depois do sucesso de Aizen, o jornalista carioca decide também criar um suplemento dedicado aos quadrinhos, que se chamava O Globo Juvenil, que era dirigido por Djalma Sampaio e auxiliado pelos pesos-pesados, Antonio Callado e Nelson Rodrigues.
O termo Gibi surgiu em 1939, com o lançamento da revista homônima pelo grupo Globo. Na época a palavra significava negrinho moleque e já havia sido mencionada na revista Tico Tico, como nome de um personagem, porém a grafia era Giby. A revista Mirim, de Adolfo Aizen, também fazia enorme sucesso e foi a primeira publicação a usar o formato comic Book no Brasil.
Uma década depois, Victor Civita se mudou para o Brasil e no ano seguinte publicou a revista em quadrinhos, Raio Vermelho, uma revista no formato horizontal (21,5 x 28,5 cm) composta por quadrinhos originados na Itália. Em Junho do mesmo ano, já com o nome Editora Abril, publicou a revista O Pato Donald.
Em 1960, Ziraldo lançou a revista Pererê, pela editora O Cruzeiro e é publicada até 1965. A ADESP, tendo como presidente Mauricio de Sousa, continua sua campanha pela nacionalização dos quadrinhos. Em 1961, o presidente Jânio Quadros chega a elaborar uma lei de reserva de mercado para quadrinhos; temendo represálias, as principais editoras de quadrinhos da época: EBAL, Rio Gráfica Editora, Abril, Record e O Cruzeiro criam “Código de Ética dos Quadrinhos”, a versão brasileira do Comics Code, tendo como base o código americano e os “Mandamentos das histórias em quadrinhos” da EBAL. Tais mandamentos foram criados por Aizen ainda em 1954 e foram usados na série inglesa Romeu Brown (e na adaptação de Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre. Nesta mesma época, Mauricio de Sousa cria a Turma da Mônica, quadrinho que faz sucesso até hoje.
A Rede Bandeirantes teve grande participação na história das HQ’s no Brasil ao comprar a série de desenhos animados The Marvel Super Heroes, e com isso a Editora Brasil-América (EBAL) resolveu lançar os quadrinhos da Marvel Comics com os personagens Capitão América, Hulk, Thor, Namor e Homem de Ferro. O Homem-Aranha, só foi lançado pela EBAL em 1969, também por decorrência de um desenho animado.
No início dos anos 1970, os quadrinhos infantis no país tomaram conta das bancas com revistas de Maurício de Sousa e a montagem pela Editora Abril de um estúdio artístico, que deu oportunidade de atuação profissional a vários quadrinistas. Nessa década, também são realizadas exposições como o “Primeiro Congresso Internacional de Quadrinhos”, realizado em 1970 no Museu de Arte de São Paulo. O evento foi realizado pela Escola Panamericana de Artes e a Prefeitura de São Paulo, e teve exposições de originais e palestras de artistas brasileiros e estrangeiros. Em 1975, a editora O Cruzeiro é fechada e por conta disso, as editoras Vecchi assume os títulos da Harvey Comics, como Gasparzinho e Brasinha, e a Abril fica com Luluzinha e os heróis da Hanna Barbera, como Space Ghost e Herculóides. Os anos 1970 foram efervescente para as HQ’s no Brasil, com o aparecimento da Revista MAD, tendo como diretor o cartunista Ota; a editora Bloch passa a publicar todos os títulos da Marvel, inclusive os de terror – porém em 1979, esses títulos serão lançados pela Abril – ; a Revista Patota lança em formato de magazine e aos domingos as tirinhas de Mafalda, Snoopy, Zé do Boné, Kid Farofa, O Mago de ID, Hagar, Pernalonga e outros; e também teremos a primeira Graphic Novel brasileira, realizada por Jô Oliveira, com A Guerra do Reino Divino.
Em 1980, o cartunista Ziraldo lançou o livro O Menino Maluquinho. Vários cartunistas e quadrinistas apareceram em jornais e revistas, dentre eles Glauco (Geraldo), Angeli (Chiclete com banana) e Fernando Gonzales (Níquel Náusea). Em 1989 surge o Troféu HQ Mix. Em 1999 a editora Conrad publica o primeiro Mangá japonês em formato de livro e com leitura oriental: Gen – pés descalços, de Keiji Nakazawa.
Atualmente, existem diversas editoras que são voltadas para publicações de quadrinhos e graphic novels, como a Panini Comics, Mythos Editora, JBC (especializada em mangás), Escala, HQM e Companhia dos Quadrinhos.
Autores são reverenciados por suas legiões de fãs e críticos de literatura. Mas ainda não conseguem atingir um público maior e alcançar um número expressivo de vendas. Devemos comemorar sim a data, contudo, exigir mais investimento e divulgação nesta arte tão promissora.
Fonte: O Nariz