Clóvis Matos conta que já distribuiu mais de 20 mil livros na biblioteca móvel. Dia Nacional do Livro é comemorado nesta segunda, dia 29 de outubro
“Onde tem gente, que é um potencial leitor, eu levo o livro”. A frase é do produtor cultural Clóvis Matos, que transformou uma antiga caminhonete em uma biblioteca móvel e percorre bairros da Grande Cuiabá oferecendo cultura de forma gratuita. Clóvis criou o projeto Inclusão Literária e conta que já distribuiu mais de 20 mil livros durante suas andanças com a caminhonete abarrotada de obras da literatura. Na data em que é comemorado o Dia Nacional do Livro, 29 de outubro, o G1 conta a história do produtor que cresceu apaixonado pela arte e transformou essa paixão em inspiração para semear cultura pela capital mato-grossense.
Clóvis Matos dirige sua biblioteca móvel pela cidade à procura de leitores. Vai a ruas, avenidas e escolas para oferecer livros à população. Segundo ele, quando trabalhou em um livraria percebeu que as pessoas entravam e, ao pegarem um livro, passavam horas lendo no local. Porém, não levavam os livros para casa porque não tinham condições financeiras para adquirir as obras. “Após constatar isso, eu comecei a pensar em algo que pudesse usar para levar os livros até a comunidade. Foi assim que nasceu o projeto Inclusão Literária”.
De acordo com o idealizador do projeto, ele criou uma forma de receber as doações de livros e por sua vez levá-los até os lugares mais longínquos. “As doações eu transformo em pequenas livrarias. Também deixo vários livros nas praças, nas ruas, em pontos de ônibus e distribuo os livros em diversos lugares onde minha biblioteca móvel pode chegar. As pessoas chegam, param, olham e acabam levando os livros sem problemas”, relatou Matos.
Desde a infância
Antes de inciar a carreira de incentivador cultural, Clóvis relatou que tudo começou quando ainda era um garoto de nove anos de idade. Ele conta que sua família tinha um hotel em uma cidade do interior de Goiás, que fornecia energia para um cinema que funcionava nos fundos do local. “Era só eu pular o muro que já estava de frente para o cinema, além de não precisar pagar nada”, salientou.
Foi nesse ambiente que Clóvis cresceu assimilando a cultura dos filmes que passavam no fundo da sua residência. “Assisti a centenas de filmes de todos os gêneros. Acabei me especializando em observar a construção técnica que cada cena emitia e sua profusão poética”, revelou Clóvis.
Com essa energia voltada para a cultura, o criador da biblioteca móvel também teve a ideia de, além de levar os livros para as zonas urbanas e rurais, produzir oficinas sobre produção de vídeos nas escolas públicas. “Já tive o prazer de ver os antigos alunos que receberam a nossa oficina vencer concursos culturais. Isso, para mim, é muito gratificante”, pontuou Matos.
No entanto, Clóvis disse que hoje em dia não segue um roteiro programado com sua biblioteca móvel. Ele ressalta que qualquer lugar onde tem gente, ele para o caminhão e começa a troca cultural com as pessoas doando e recebendo livros. “Eu paro em qualquer lugar, na periferia, nos shoppings e até nas zonas rurais”, frisou.
Para Jucineide Neves, diretora da Escola Municipal Udeney Gonçalves, receber a visita de Clóvis foi uma grande alegria. “Foi um grande avanço para nossos alunos. Porque realmente foi um despertar para a cultura, para as artes. E essa arte, no caso, é o cinema, os livros. Os alunos depois da visita do Clóvis me pediram para comprar uma câmera de filmar. Agora, eles já estão produzindo vídeos. O mais incrível é saber que quem participou dessas oficinas são os alunos que mais se destacam na escola”, ressaltou a diretora.
Fonte: G1 MT