Empresa americana não comenta o assunto, mas já distribuiu contratos entre editoras nacionais
Depois de sete meses no mercado brasileiro de livros digitais, a gigante americana Amazon começou, no mês passado, as movimentações para entrar no mercado de livros físicos. Em reuniões com os editores brasileiros, os executivos da empresa têm dito que sua meta é iniciar as vendas em janeiro. Procurada pelo GLOBO, a Amazon disse que “não comenta especulações e rumores”.
Entretanto, nas últimas semanas, várias das maiores editoras do país, como a Leya, a Record e a Sextante, receberam um modelo de contrato para análise.
– Recebemos o contrato há cerca de dez dias, mas ainda não tivemos tempo de avaliá-lo — disse Tomás Pereira, um dos donos da Sextante.
Segundo fontes do mercado, a negociação para a venda de livros físicos deve ser mais simples do que a dos e-books, que demorou quase um ano, por conta de cláusulas polêmicas e demora na definição do modelo de negócios.
Isso não significa que a empresa não vá enfrentar dificuldades. É comum que grandes redes comprem os livros para revenda com 50% de desconto, por conta do seu grande volume de vendas e poder de barganha. Pode ser difícil, para a Amazon, conseguir o mesmo desconto imediatamente. O mais provável é a empresa começar com os 40% praticados com livrarias menores. Se as vendas crescerem, a Amazon pode conseguir descontos maiores.
O diretor de uma das maiores editoras do país, que não quer ser identificado, achou o contrato “ligeiramente unilateral”.
– Embora seja um contrato entre empresas brasileiras, para fornecer livros brasileiros para leitores brasileiros, ele vem em duas colunas: uma em inglês e outra em português. Foi apresentado pela Amazon como uma adesão ao padrão global deles. Pelo que foi dito, não existe a possibilidade de se discutir a terminologia ou a redação do contrato — disse o editor.
A Amazon enfrenta desconfiança de alguns editores brasileiros, por sua ação no mercado americano, com vendas a preços abaixo de custo.
Fonte: O Globo