Em 1966, depois de tomar posse como presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), Laura Russo divulgou o esboço do Código de Ética como alternativa à versão apresentada no III Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação (CBBD), realizado em 1961. No entanto, o texto passou por diversas modificações até chegar a sua versão definitiva em 2018, quando foi publicada a Resolução CFB nº 207. Essas normas de conduta profissional foram o ponto de partida da pesquisa de mestrado da catarinense Viviane Carolina de Paula.
Em sua dissertação, orientada pela professora Daniella Camara Pizarro, da Universidade do Estado de Santa Catarina, e coorientada pelo ex-presidente do CFB, professor Raimundo Martins de Lima; a Bibliotecária propõe investigar as relações do Sistema CFB/CRB – composto pelo Conselho Federal de Biblioteconomia e pelos demais 14 Conselhos Regionais de Biblioteconomia – com a orientação e fiscalização da ética profissional do Bibliotecário.
“Trabalhando como Bibliotecária Fiscal do CRB-14 [Conselho Regional de Biblioteconomia 14ª Região Santa Catarina], percebi que havia diversas lacunas em relação à ética profissional. Muitos profissionais não conhecem as regras de conduta e nem sabem como elas implicam nos demais Bibliotecários”, afirma Viviane.
Para saber se os Conselhos estavam realmente respeitando a resolução do CFB no trabalho de fiscalização, a Bibliotecária fez diversas entrevistas. Foram acionados os 14 CRBs, mas somente 11 contavam com Bibliotecários Fiscais. Desses 11, apenas oito aceitaram conversar com Viviane.
Entre os principais problemas encontrados na pesquisa, destacam-se denúncias sobre profissionais depreciando o Conselho, principalmente, nas redes sociais, desprestígio ao trabalho de fiscalização e falta de respeito com os colegas.
“O Bibliotecário Fiscal precisa refletir sobre seu conhecimento acerca de temas como ética e ética profissional, condutas morais e ter domínio sobre os dispositivos e significado do Código de Ética do Bibliotecário brasileiro, além de capacidade de comunicação. É extremamente relevante considerar que o Bibliotecário é, antes do profissional, uma pessoa”, afirma a Bibliotecária.
Para Viviane, essa falta de conhecimento da ética profissional decorre dos próprios cursos de graduação em Biblioteconomia. Ela explica que, por serem muito tecnicistas, acabam fazendo com que o profissional se forme com uma mentalidade técnica, esquecendo que sua profissão não pode se limitar à teoria.
Ela ainda ressalta a importância dos CRBs na conscientização e promoção da ética. Sua sugestão é a de que os Conselhos aprofundem no tema, que foi introduzido na graduação.
Para isso, a pesquisadora desenvolveu uma oficina de introdução à fiscalização profissional e promoção à consciência ética. A atividade é voltada exclusivamente para conselheiros e Bibliotecários Fiscais, servindo como uma espécie de treinamento e assessoria para os profissionais que atuam diretamente com a fiscalização.