No Dia Internacional da Mulher, Iris Larissa Gomes fala sobre sua experiência e visão sobre a área
Iris Larissa Gomes é graduada em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Arquivista e analista de processos, Iris tem pós-graduação em Gestão de Projetos pela Universidade Anhembi Morumbi. Com experiência na área Documental e Informacional, a bibliotecária atua com implantação de processos documentais e Gestão do Conhecimento (GC) em áreas como Direito, Medicina, Administração, Finanças e Projetos. Iris faz uma análise das diferentes oportunidades de trabalho oferecidas pela Biblioteconomia e se posiciona em relação às questões de gênero, debate oportuno neste Dia Internacional da Mulher, que celebra a luta feminina.
Por que você escolheu a Biblioteconomia como profissão? Quais foram suas motivações?
A Biblioteconomia me trouxe possibilidades incríveis, até mesmo inesperadas. O curso era minha segunda opção, a primeira era Educação Artística e lecionar. Mas como a arte é pouco valorizada no Brasil e eu precisava me sustentar financeiramente, além de colaborar com o sustento da minha família, fiz a troca. A Biblioteconomia me daria oportunidade de lidar diretamente com pessoas, com dados importantes, pesquisa, métodos, normatizações. Ao mesmo tempo, a área está relacionada à cultura e à arte. Previ também o boom de informações e meios de gerenciá-las, sabia que a formação seria muito útil. Essas foram minhas motivações essenciais e hoje eu gosto do meu trabalho, tenho independência financeira e posso fazer arte por prazer.
Você atua na área documental e de gestão do conhecimento. Conte um pouco sobre esse campo da Biblioteconomia.
A Biblioteconomia é muito mais que “livros, balcão e tirar pó”, como ouvimos com frequência. Há vários espaços para atuar, funções e cargos a serem exercidos pelo profissional da informação (tenho um blog dedicado à área e a suas frentes de atuação, que voltarei a atualizar este ano), mas, muito naturalmente, eu segui essa linha documental, de processos/projetos e Gestão do Conhecimento (GC). Basicamente, atuo com mapeamento de processos documentais, em projetos que visam solucionar lacunas que resultam em gastos desnecessários e com processos de melhoria contínua das atividades da área. Essa gestão envolve setores como Qualidade, Planejamento Estratégico, Tecnologia da Informação, Comunicação Interna e Recursos Humanos. São produzidos, em conjunto, documentos normativos como manuais de normas e procedimentos, políticas de gestão documental, tabelas e instruções gerais, entre outros conteúdos, que norteiam o centro de documentação e/ou Informação de uma empresa e seu funcionamento como um todo.
Como enxerga a atuação da mulher na Biblioteconomia brasileira atualmente? Quais são os desafios?
Especificamente enquanto mulher, acho interessante a autonomia que esse o gênero tem dentro da área, é algo realmente predominante. Porém, essa autonomia pode ser vista de duas formas: positivamente, quando pensamos na capacidade intelectual, mas também negativamente, pois a área é tida como exclusivamente operacional e, por isso, não é tão bem valorizada e remunerada – exatamente por ser de predominância feminina (o que vem mudando). Precisamos mudar essa realidade. Não somente como mulher, mas como profissional da informação, acredito que temos desafios relacionados à valorização das nossas atividades. Para um mercado cada vez mais competitivo, informação validada e conhecimento disseminado de forma inteligente, práticas e apoiado na tecnologia são fundamentais, e somos nós que estamos capacitados para isso.
Como mulher bem-sucedida em sua trajetória profissional, acredita que a valorização da área contribui para a igualdade de gênero?
Antes de responder a essa questão, gostaria de intervir sobre o que é “ser bem-sucedido”. Acredito que a realização profissional não está somente atrelada à remuneração, mas ao reconhecimento do nosso trabalho. Por exemplo, o convite para essa entrevista é importante, o fato de outras pessoas e profissionais reconhecerem a importância da minha atuação e julgarem que ela pode servir como motivação me agrada muito. Por isso, acredito que informar sobre outras possibilidades da Biblioteconomia demonstra também a força, o potencial e a versatilidade da mulher, exatamente por se tratar de uma área ainda vista como feminina. A bibliotecária atua em infinitas áreas, ela se adequa, promove inovações, obtém resultados em melhoria de processos e gerencia grandes equipes multidisciplinares. Tudo isso contribui cada dia mais para a igualdade de gênero, pois reforçamos o quanto somos capazes. O cenário de atuação é próspero, cheio de possibilidades, oportunidades de inovação e valorização profissional, e é preciso se permitir e não se estagnar.