Jozane Pacheco (CRB-6/3733) Bibliotecária-fiscal do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6), tem sido, desde outubro de 2022, uma figura essencial na regulamentação e valorização da profissão de Bibliotecário em Minas Gerais e Espírito Santo. Em 2024, graças ao seu trabalho e ao de sua colega Orfila Maria Mudado (CRB-6/756), o CRB-6 atingiu um recorde de 796 fiscalizações, um expressivo aumento em relação aos anos anteriores.
Esse número, para Jozane, não é apenas uma estatística, mas um reflexo de sua dedicação incansável em fortalecer a profissão. Sua jornada vai muito além de planilhas e relatórios. No campo da fiscalização, ela enfrenta desafios que exigem não apenas seu conhecimento técnico, mas também uma grande dose de resiliência e coragem. Muitas vezes, suas fiscalizações são realizadas em regiões remotas e de difícil acesso, onde a persistência é tão essencial quanto o domínio da legislação.
Entre estradas e instituições
As viagens representam um dos maiores desafios de sua rotina profissional. Minas Gerais, com suas vastas distâncias e estradas de terra, coloca à prova sua resistência física e emocional. “Às vezes, o mapa não ajuda. A escola não está onde deveria, e você precisa perguntar aos moradores, que nunca ouviram falar do lugar”, conta, ressaltando a imprevisibilidade das estradas e a dificuldade de acesso. Esse cenário exige flexibilidade e paciência, qualidades essenciais para o bom andamento do trabalho.
Além das adversidades geográficas, imprevistos como ônibus quebrados e situações de insegurança tornam as viagens ainda mais complexas. “Já precisei retirar o colete de fiscalização em algumas situações, pois ele chamava muita atenção e me colocava em risco. O trabalho exige atenção técnica, mas também uma postura estratégica para garantir nossa segurança”, relata.
A luta pela valorização da profissão: impedimentos e desconfianças
Outro desafio constante enfrentado por Jozane é a resistência à fiscalização, alimentada pela desconfiança e pela falta de compreensão do papel do Bibliotecário. Em diversas ocasiões, ela tem sido tratada com animosidade nas instituições visitadas. “Muitas vezes, é necessário lutar para ser atendida. As pessoas não entendem que estamos ali para garantir o cumprimento da legislação e melhorar o serviço oferecido”, explica. Essa resistência, especialmente em áreas mais distantes, acaba prolongando a jornada e acumulando cansaço e frustração.
No entanto, Jozane não se deixa abater facilmente. Com um equilíbrio entre firmeza e paciência, ela segue em busca do cumprimento das exigências legais, garantindo que as bibliotecas estejam em conformidade e que os Bibliotecários recebam o reconhecimento e as condições necessárias para exercer sua profissão. “A fiscalização é um trabalho árduo, mas se não a realizarmos, a profissão não será respeitada”, afirma com convicção.
Momentos de gratificação: quando o trabalho vale a pena
Apesar dos obstáculos, sua trajetória também é marcada por momentos de gratificação. A Bibliotecária-fiscal recorda com carinho os momentos em que foi calorosamente recebida por Bibliotecários e equipes que demonstraram orgulho do trabalho realizado. “Em algumas escolas, encontrei bibliotecas vibrantes e cheias de vida. É emocionante ver o impacto positivo que o Bibliotecário pode ter no ambiente escolar, promovendo atividades como clubes de leitura e rodas de conversa”.
Ela vai além do papel de fiscal. Ela é uma Bibliotecária apaixonada por sua profissão, que enfrenta cada desafio com coragem e perseverança. Para ela, a fiscalização não é apenas uma obrigação legal, mas uma missão para garantir que as bibliotecas de Minas Gerais e Espírito Santo atendam aos mais altos padrões de qualidade e que a profissão seja devidamente respeitada e valorizada. Apesar das dificuldades, Jozane segue firme, motivada pela convicção de que seu trabalho contribui para um futuro melhor para as bibliotecas e para todos os profissionais da área.