Texto enviado ao editor geral da Editora Globo, ao editor da Revista Época e ao jornalista autor da matéria referente ao atendimento em biblioteca pública.
1 A coluna do jornalista Luís Antônio Giron, publicada na Edição n. 730 da Revista Época, sob o título “Dê adeus às bibliotecas” aborda questões pertinentes ao fazer do bibliotecário, dos quais cabe expor a posição do Sistema CFB/CRB com relação ao que foi publicado.
2 O autor da coluna retrata uma experiência vivenciada no âmbito da biblioteca pública de seu bairro e, a partir disso, generaliza e denigre a atuação dos bibliotecários no exercício de sua atividade.
3 Inicialmente é oportuno destacar que o Primeiro Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais, constituído pelo Ministério da Cultura e executado pela Fundação Getúlio Vargas, apontou que:
a) as 4.905 Bibliotecas Públicas pesquisadas possuem 70 bibliotecários atuando para promover o encontro entre o conhecimento e o usuário. Este total representa 17% do valor cabal de funcionários que atuam neste organismo de cultura: isto implica em afirmar que a maioria dos usuários são atendidos por pessoal não habilitado e não bibliotecários;
b) deste percentual de 17% excluem-se ainda os 11 bibliotecários que atuam na direção das bibliotecas e que, deste modo, não efetuam atendimentos ao usuário, o que diminui ainda mais a possibilidade do jornalista ter sido atendido por um bibliotecário;
c) o censo ainda apontou que 52% do contingente de pessoas que atuam nas bibliotecas municipais não possuem nenhuma formação para trabalharem nestes ambientes.
4 Diante o exposto, o Sistema CFB/CRB considera:
a) dificilmente o jornalista foi atendido por um profissional bibliotecário;
b) na hipótese desse atendimento ter ocorrido por um bibliotecário, é no mínimo intempestiva a assertiva de que o atendimento foi realizado “[…] com aquela suave descortesia típica desta categoria profissional […]. As bibliotecárias, entres suas muitas funções hoje em dia, sentem-se na obrigação de ocultar os volumes.”
5 Ora Senhor Diretor, é sabido que qualquer estudo de natureza científica, o que não é o caso, considerando que se trata de uma observação empírica, a menos que se efetive a compreensão de todo o universo, não permite generalizações. No caso em tela, o jornalista por contato com um único profissional estende ao universo de 30 mil bibliotecários existentes no País, a postura adotada por um atendente e denigre o trabalho de toda categoria.
6 Diante o exposto, solicitamos que seja oferecido ao Sistema CFB/CRB o direito de resposta, conforme determina o artigo 5º da Constituição Federal.
7 Na expectativa de uma breve resposta, colocamo-nos à disposição para qualquer informação que se faça necessária para o célere atendimento da solicitação.
Atenciosamente,
Nêmora Arlindo Rodrigues
Presidente do CFB
CRB-10/820
Excelente.
Excelente resposta, Nêmora! Exija que o direito à resposta seja do mesmo tamanho que foi a insensatez desse cidadão que acredito que tbém não é um jornalista, pois a profissão dele, sim, foi descaracterizada de profissionalismo.
Caros,
Espero que o pedido de direito de resposta seja acolhido. É inaceitável q esse inconsequente senhor escape com a reputação ilesa após tão danoso artigo.
Abraços!
Agradeço imensamente a preocupação do CFB/CRB em nos exigir um direito de resposta. Tanto a revista Veja quanto a Época já nos destrataram. Não sei o que fizemos para que eles não nos deixem em paz. Sou bibliotecária e tenho muito orgulho de minha profissão! Sinceramente, minha vontade é de ter uma conversa pessoalmente com esse cidadão. Ele fica falando um monte de besteira em twitter.
Todo jornalista mente.
Luis Antonio Giron é jornalista.
Logo, Luis Antonio Giron é um mentiroso.
Seria antiético usar essa Lógica como exemplo para demonstrar minha indignação com essa matéria sobre as bibliotecas e, particularmente, com o profissional bibliotecário. Contudo, posso refazer essa lógica, vamos lá: Os verdadeiros jornalistas são éticos.
Alguns jornalistas são antiéticos e mentirosos.
Luis Antonio Giron é antiético.
Logo, Luis Antonio Giron é algum desses jornalistas.
Bibliotecária – Jeane Ramalho CRB/1225
Obrigada por nos representar de maneira célere e pertinente. Aguardamos resposta correspondente à solicitação. Abraço
Bem, pelo que se sabe, atualmente não é mais nem necessário um diploma de Jornalismo ou Comunicação Social para que possa desempenhar a função de jornalista. Trata-se, portanto, de uma categorial desqualificada profissionalmente, e pode-se perceber que a falta de exigências de qualificação acadêmica para desempenho da função começa a surtir efeitos lamentáveis.
A atividade jornalistica envereda por um caminho que faz-nos refletir sobre a credibilidade daquilo que lemos em revistas supostamente “respeitáveis”. Considerando esta perspectiva, aproveito para apontar, quem sabe, um novo ramo a ser desbravado pela nossa categoria de bibliotecários: Seleção de Revistas com Credibilidade Minimamente Tolerável!
Se este novo ramo de atividade for formalizado em nossas atividades cotidianas em bibliotecas preparem-se! Pois vamos ter muito trabalho para identificar revistas contemporâneas que tenham ética e seriedade em suas publicações!