A Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (ECI/UFMG), lançou um livro que orienta a prática do Bibliotecário escolar. Recebendo o nome de “Bonitezas da biblioteca escolar: um guia para boas práticas”, a obra, segundo a Bibliotecária, professora da instituição e uma das organizadoras do livro, Ana Paula Meneses Alves (CRB-6/3636), “nasceu sob o ideal de atender a educação pública, e dentro da nossa perspectiva de contribuição naquela oportunidade, o foco foram as comunidades de bibliotecas escolares e os territórios por elas atendidos”.
Junto a Bibliotecária estavam Eduardo Valadares da Silva, idealizador da obra, Everton da Silva Camillo, que, durante a escrita da obra, estava lotado na Prefeitura Municipal de Vila Velha (ES) e atualmente trabalha na Prefeitura Municipal de Cravinhos (SP), e Marcelly Chrisostimo de Souza Arriel, Bibliotecária de uma instituição privada no Rio de Janeiro. Para Ana Paula, não é possível “deixar de mencionar dois maravilhosos alunos da ECI que foram nossos apoios técnicos em toda a organização da obra e hoje são bacharéis em biblioteconomia: Ramira Soares e Diogo Andrade.
A professora esclarece que “o livro é vinculado ao projeto de extensão Conto e Reconto, coordenado à época pelo professor Eduardo Valadares que, por sua vez, é vinculado ao Carro Biblioteca da ECI/UFMG, um dos projetos de extensão mais antigos da universidade”.
Ana Paula conta que “a obra tem um caráter importante, pois ela é resultado de vivências e pesquisas sobre biblioteca escolar, mas, principalmente, é fruto de um edital de financiamento de projetos de extensão da UFMG, chamado Edital Proex n.º 05/2021, de fomento a produtos extensionistas destinados à educação básica e profissional pública”. Para ela, este detalhe fez toda a diferença neste trabalho. “A extensão tem destino e objetivo certo: a sociedade para além da UFMG. A extensão comunga e devolve diretamente à sociedade o conhecimento construído na universidade em suas diferentes esferas”.
Desta forma, para que seus objetivos se concretizassem, dentro da proposta do edital, os responsáveis escolheram como principal instituição beneficiada a Gerência de Bibliotecas da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte (GERBI/SMED). A Bibliotecária revela que, “enquanto instituição beneficiada, todas as bibliotecas da GERBI receberiam o livro produzido, mas, principalmente, também trabalhariam em sua construção conjunta e em outras preparações para propiciar uma visão ampla da biblioteca escolar, conforme delineado no livro”.
Além disso, a visão ampla da biblioteca escolar repassada pelo livro deve ser ressaltada. Segundo Ana Paula, “em primeiro lugar, enquanto organizadores, partimos da consideração de biblioteca escolar enquanto espaço de formação social, cultural, política, humana e crítica integrado à comunidade escolar. Neste contexto, o Bibliotecário escolar é integrado, ativo, trabalha lado a lado com professores, dirigentes, servidores, pais, alunos e a comunidade do território. Mas, principalmente, nosso mote foi o de destacar potencialidades da biblioteca escolar. Onde, como e por que ela pode agir e fazer diferença. De quais maneiras ela pode se evidenciar, enquanto um organismo de ensino-aprendizagem. E, por isso, selecionamos os relatos e as reflexões teóricas apresentadas no livro, que podem inspirar outros Bibliotecários a aplicar as ideias descritas, mas também ver que as suas boas ideias locais, aquelas pequenas intervenções para contornar uma adversidade, podem fazer diferença e ser uma boniteza da biblioteca escolar”.

A professora Ana Paula Meneses Alves (Foto: Arquivo Pessoal)
A profissional conta, também, que “no livro apresentamos os temas: integração da biblioteca escolar ao currículo, competência em informação, mediação cultural, agenda 2030, educação ambiental, desenvolvimento de coleções, parcerias e prospecções de recursos, mediação de leitura e gestão de bibliotecas escolares. Mas, a área de bibliotecas escolares ainda tem muito a ser explorada. Questões como tecnologias emergentes (por exemplo, como a biblioteca escolar vai agir perante o ChatGPT ou Bardo?); metodologias de ensino (como a biblioteca escolar tem auxiliado nas metodologias ativas?); integração docentes/dirigentes/bibliotecários (qual o papel do bibliotecário escolar pós-pandemia? como 1 bibliotecário escolar está dando conta de cuidar de várias escolas, após as ondas de demissões em diferentes estados?), salas de leitura x bibliotecas escolares (salas de leitura invalidam ou não o papel da biblioteca escolar?), o papel do bibliotecário escolar (quem é o bibliotecário escolar da atualidade? Qual o perfil ideal para um bibliotecário em 2023?), organização da informação e do conhecimento (boas práticas em OIC?); acessibilidade, inclusão, racismo, justiça social e informacional, a legislação sobre estudo da história e cultura indígena, africana e afro-brasileira e o papel bibliotecas escolares; políticas públicas e o próprio futuro da biblioteca escolar (qual biblioteca escolar queremos para o futuro? o que estamos fazendo por este futuro? Como mobilizar ainda mais a sociedade em prol das bibliotecas?)”.
Enquanto opinião pessoal, e “acredito que meus colegas organizadores e equipe técnica compartilhem comigo desta opinião, pois registramos isso na apresentação da obra -, esperamos que o livro ajude a despertar e destacar a potencialidade e importância das bibliotecas escolares no contexto educacional e social brasileiro”.
Além disso, a Bibliotecária destaca que “no livro fizemos a opção de trabalhar destacando e estimulando que se evidenciem as ações positivas da biblioteca escolar. Não por mero ‘jogo do contente’, mas porque boas práticas, ou como adotamos, ao retomar Paulo Freire, ‘Bonitezas’, seja aprender com as boas experiências do que temos hoje para construir o novo amanhã”.
Desta forma, ainda segundo Ana Paula, “espero, sinceramente, que esta obra, seja em sua maneira física, seja pelo acesso virtual, chegue a muitos profissionais, que possam lê-la, se identificar, e ter vontade de aplicar o que leram. Que se sintam estimulados a também colocar no papel a contar para outros aquilo que estão fazendo. Talvez o seu pouco, seja o exemplo que falta em uma outra biblioteca escolar, para que esta realmente faça diferença em sua comunidade.”
Quanto ao futuro, a profissional revela que o grupo de organizadores e equipe técnica retomou as atividades e que desejam “conhecer as bonitezas das bibliotecas escolares pelo Brasil. Assim, em breve, lançaremos um projeto de coleta de depoimentos de Bibliotecários escolares, relatando suas bonitezas para um novo formato de apresentação deste projeto”. Para ler o livro, acesse https://4et.us/rpuo0e