Pesquisa mostra que poucos alunos associam bibliotecas a lugares prazerosos e a prática da leitura é considerada baixa entre os professores
Quase metade da população brasileira não tem hábito de ler livros. De acordo com a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” este percentual é de 44%. O estudo reforça a tese de que a prática de leitura é uma construção que vem da infância, e que o papel dos pais é essencial. Apenas um terço dos brasileiros teve a influência de alguém na formação do gosto pela leitura. A Universidade de Nova York e o Instituto Alfa e Beto realizaram uma pesquisa na cidade de Boa Vista (RO), em que os pais participaram de um programa que os incentivava a lerem para os filhos. O resultado desse estudo avaliou que entre as crianças das famílias que participaram do programa, foi observado um aumento no vocabulário, na memória de curto prazo, e uma diminuição nos problemas de comportamento.
Os professores, como sempre, têm papel fundamental. Daí surge outra informação preocupante da pesquisa do Instituto Pró-Livro e do Ibope: entre eles o hábito de leitura também é baixo. No caso das bibliotecas, um dado que merece reflexão está na resposta de 71% dos brasileiros, que entendem que a sua função principal é ser um espaço para pesquisa e estudo. Não há nada de errado com essa afirmação. O problema é que outras respostas como “um lugar para emprestar livros” ou “um espaço de lazer” são citadas em frequência bem menor, sempre abaixo de 30%.

Quase metade da população brasileira não tem hábito de ler livros, segundo pesquisa (Foto: Divulgação)
Outro problema é o fato de os acervos desses espaços serem, em sua maioria, defasados: 41% dos leitores disseram não encontrar os livros que gostariam. Para os entrevistados, o interesse aumentaria com a renovação das prateleiras. Para 32% o interesse pelas bibliotecas seria maior se elas tivessem mais livros ou título novos, e 22% disseram esperar opções mais interessantes.
Por lei, temos até 2020 para garantir que todas as escolas tenham bibliotecas no Brasil. Em 2015, este percentual era de apenas 53%. É inconcebível pensar numa instituição educacional sem esse espaço, mas a pesquisa do Instituto Pró-Livro e do Ibope sugere que a sua simples existência não é garantia de fomento à leitura entre os estudantes. É preciso saber usá-los.