Um concurso da Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, selecionará cinco projetos narrativos inscritos em sites de financiamento coletivo. O prêmio será divulgado no evento, o que “garantirá máxima visibilidade –e, se tudo der certo, financiamento para seu projeto dos sonhos”.
Sinal dos tempos: o debate sobre o livro digital, presente nos anos anteriores no maior evento editorial do mundo, era só a ponta de um iceberg cujas peculiaridades são destrinchadas na 64º edição, que começa na quarta.
Natural que seja assim num ano em que o maior fenômeno de vendas é a trilogia erótica “Cinquenta Tons”, lançada de forma independente na web antes de encher os olhos e as contas bancárias de editores pelo mundo.
Temas como “crowdfunding” (financiamento coletivo via web), autopublicação, digitalização e “crossmedia” (cruzamento de mídias) ocupam boa parte dos 3.200 eventos que ocorrem até domingo, envolvendo profissionais de quase 7.800 empresas –apenas o último dia é aberto ao público geral.
A Feira de Frankfurt é focada no mercado, mas há espaço para a literatura, em especial no chamado Sofá Azul, que receberá nomes como a Nobel romeno-alemã Herta Müller, o americano Richard Ford e o neozelandês Lloyd Jones –embora seja provável que o ator Arnold Schwarzenegger, que lança biografia, cause mais burburinho.
Diferentemente da Feira do Livro de Londres, em abril deste ano, que teve como grande assunto o leilão por “The Casual Vacancy”, de J.K. Rowling, a de Frankfurt começa sem destaque para títulos específicos.
Mas um ponto é consenso entre editores: não vai faltar editora tentando emplacar eróticos, inclusive títulos antigos e antes ignorados, na esteira de “Cinquenta Tons”.
CONVIDADO DE HONRA
Mais de 300 eventos e quase 70 autores, entre eles Lloyd Jones, Alan Duff e Paul Cleave, representam a Nova Zelândia, convidada de honra deste ano em Frankfurt.
O país escolheu o slogan “Enquanto você dormia” para brincar com o fato de ser um dos primeiros no mundo a ver os dias nascerem – e como quem diz: há muito acontecendo por aqui, e vocês ainda nem acordaram para isso.
Por ora, a produção neozelandesa não chamou mesmo a atenção de editores do Brasil, mais preocupados com a preparação para sua vez como país convidado, em 2013.
Editoras daqui dizem não ter comprado nenhum título neozelandês em decorrência da distinção deste ano. Mas esperam que a homenagem em 2013 chame a atenção de estrangeiros para seus catálogos.
O país desembarca em Frankfurt com nove autores, incluindo Milton Hatoum, Cristovão Tezza e João Paulo Cuenca, com viagem paga pelo MinC. Em 2011, foram três.
A meta da Fundação Biblioteca Nacional de atrair interesse tem sido estimulada pelo programa de tradução de autores brasileiros no exterior, lançado em 2011, que já ofereceu 141 bolsas a editoras estrangeiras, ante 178 concedidas de 1991 a 2010.
Fonte: Folha UOL | Raquel Cozer