Valadarense JC Aragão é jornalista e dramaturgo
Continuando a série de entrevistas em comemoração à Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, esta semana conversamos com o escritor valadarense José Carlos Aragão.
Jornalista, cartunista, ator e dramaturgo, Aragão, 59 anos, é autor de mais de 35 títulos, entre poesia, humor e ficção. Confira a entrevista:
Fale um pouco sobre sua trajetória profissional e suas principais obras.
Fiz minha estreia literária há quase 30 anos, com a publicação de Aventura no Fundo da Gaveta (Ed. Miguilim), que havia sido um dos vencedores do III Prêmio Henriqueta Lisboa, concurso nacional de literatura promovido pela Secretaria de Estado da Cultura. Desde então, tive títulos publicados por várias editoras do país (Paulinas, Autêntica, Planeta, Dimensão, Berlendis & Vertecchia, Rideel, Livro Falante, Girafinha, Matrix), além de obras publicadas por instituições promotoras de concursos literários em que fui premiado e antologias diversas. Embora tenha começado como autor de literatura para crianças, tenho publicado também obras de teatro, poesia, ficção e humor, para jovens e adultos. Em 2015, minha adaptação de Édipo Rei, de Sófocles (Ed. Paulinas), foi finalista do Prêmio Jabuti na categoria Adaptação.
O que lhe motivou a escrever e o que mais o atrai quando escreve: o mundo real ou o imaginário?
Minha principal motivação para escrever foi a paixão precoce pelos livros e pela leitura. O mundo real de quem escreve é sempre um mundo imaginário. Não vejo como distingui-los e ambos me atraem, em maior ou menor medida, de acordo com cada momento, circunstância ou estado de espírito.
Dos livros que você leu, qual a figura literária que mais o marcou? Algum autor serviu como inspiração?
Posso dizer que minha vida se divide em antes e depois de ter lido Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
Em sua opinião, qual a importância do bibliotecário e da biblioteca para a formação do cidadão? Você frequenta esses espaços? Recorda de algum bibliotecário que contribuiu para o seu gosto pela leitura?
Embora não me lembre especialmente de algum bibliotecário que possa ter contribuído para a minha formação cidadã ou para o desenvolvimento do gosto pela leitura (devo isso aos meus pais, que, pelo exemplo, sempre me incentivaram a ler), não há como negar a importância do bibliotecário, nos dias de hoje, como mediador e incentivador da leitura – com todas as consequências que isso pode ter na formação cidadã do indivíduo. Hoje, admito que frequento pouco as bibliotecas. Mas é mais porque tenho muitos livros em casa, acumulados durante anos. Na adolescência, porém, frequentava muito a biblioteca pública municipal da minha cidade, sempre em busca de novidades e de novas leituras (mesmo contando com muitos livros à disposição, na casa dos meus pais).
As redes sociais e a internet podem contribuir com estratégias de incentivo à leitura?
Teoricamente, sim. Mas sou muito cético e crítico em relação ao uso da internet e das redes sociais como uma espécie de panaceia universal para a solução de várias questões – entre elas, o incentivo à leitura. A internet, numa visão mais ampla, é uma excelente ferramenta para a difusão do pensamento e para a prática da leitura, mas, invariavelmente, é mal utilizada ou distorcida. No mais, mesmo sendo um usuário regular da internet e redes sociais (dessas, menos), acho que sempre serei fiel ao livro em si, como ferramenta singular e insubstituível na sedução e formação de leitores.
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