Antônio Carlos da Silva é responsável pelo acervo das Nações Unidas que tem 68 mil vídeos e mais de 800 mil fotos.
Aos 70 anos de idade, completados neste ano, a Organização das Nações Unidas dispõe de um impressionante acervo de registros históricos, e o encarregado pela catalogação e manutenção é um brasileiro.
Milhares de refugiados buscando um lugar na Europa. Só que isso foi na década de 1940, depois da Segunda Guerra Mundial. Observadores acompanhando as tensões entre israelenses e árabes. Foi na década de 1960.
A história evolui, mas nem sempre muda. A ONU foi criada há 70 anos para tentar mudar e as tentativas foram todas documentadas, em um arquivo que conta a história do mundo depois da Segunda Grande Guerra.
O acervo das Nações Unidas tem 68 mil vídeos e mais de 800 mil fotos e está sob a responsabilidade de um brasileiro: Antônio Carlos da Silva. “É um privilégio estar trabalhando na ONU e lidando com esse material tão rico”, diz Antônio Carlos, que é o chefe do arquivo de audiovisual da ONU em Nova York.
Entre os vídeos está o registro de 1948 em que Eleanor Roosevelt leu a Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Essa declaração pode muito bem se tornar a carta magna de todos os homens, em todos os lugares”.
Nas missões pelo mundo desde então, a ONU viu de perto o quanto dessa declaração continua só no papel. Era para os seres humanos já terem os mesmo direitos, qualquer que fosse o sexo e a cor. Era para todo ser humano ter direito à dignidade e à vida. Forças da própria ONU já perderam esse direito.
O acervo registra a passagem de alguns dos líderes mais importantes do mundo pela tribuna das Nações Unidas. Para discursar e para discordar.
A ONU tem um centro de operações onde, hoje, todas as reuniões são gravadas e o material antigo é digitalizado, fica preservado e disponível para pesquisas.
Agora, mais de 90% de todo o acervo da ONU ainda está nas fitas originais. Vai levar, pelo menos, cinco anos para digitalizar tudo isso. O problema é que muitas dessas fitas são velhas, estão se deteriorando e já começa a faltar equipamento para rodar esse material e passar para os computadores. É uma corrida contra o tempo para conservar o passado.
E precisa de apoio financeiro para isso. Um dinheiro que muitas vezes falta. Antônio segue vasculhando o arquivo, tentando deixar para os outros o que ele vê. “Quando eu abro um arquivo que nunca foi aberto e vejo uma coisa única, com valor histórico muito rico, muito alto, eu fico emocionado”, revela Antônio Carlos.
Fonte: TV Globo | Fabio Turci