A Biblioteca do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais (CP/UFMG) foi palco de um evento especial: o lançamento das autobiografias de alunos do terceiro ano da instituição. A atividade, que envolveu crianças de 8 a 9 anos, teve como objetivo a criação de relatos pessoais, desde o nascimento até os primeiros anos de vida, com o auxílio das famílias e do corpo docente.
O projeto de escrita durou cerca de um mês e foi acompanhado de atividades que enriqueceram o aprendizado das crianças. Ao longo desse período, os estudantes trabalharam a estrutura do gênero literário autobiográfico em sala de aula, participaram de uma visita à Editora UFMG, onde puderam conhecer o processo de produção e impressão de livros, e ainda conversaram com o escritor Henrique Vale, que compartilhou suas experiências e processos criativos com os alunos.
De acordo com a professora de Língua Portuguesa, Maria Beatriz Vasconcelos, o projeto foi uma oportunidade única para os alunos refletirem sobre suas próprias histórias. “Como professora de língua portuguesa, encerrar o ciclo alfabetizador podendo potencializar a escrita autobiográfica que eles consolidaram foi muito satisfatório. Pude me aproximar mais da história de cada aluno para ter uma atuação ainda mais próxima e afetiva”, afirmou.
“Essa fase da alfabetização demanda sensibilidade para compreender, nos bastidores da proposta pedagógica, o motivo por trás de algumas dificuldades de avanço do aprendizado, ou, pelo contrário, a facilidade de produzir uma escrita mais robusta devido às bagagens culturais das famílias. A produção das autobiografias possibilitou ter acesso a essas informações”, finalizou.
O trabalho contou também com o apoio fundamental da biblioteca do Centro Pedagógico da UFMG. Segundo a coordenadora da biblioteca, Juliana dos Santos Rocha (CRB-6/2809), a equipe realizou um levantamento bibliográfico de autobiografias para que os alunos pudessem estudar a estrutura desse tipo de texto. “Trouxemos na Biblioteca do CP o autor Henrique Vale para falar com os estudantes sobre o processo de escrita, orientamos sobre as informações necessárias para a capa, folha de rosto e fizemos todas as fichas catalográficas”, relatou.
A atividade culminou em um evento de lançamento das autobiografias, onde as crianças puderam compartilhar suas histórias com os colegas. Durante o processo de escrita, algumas revelações pessoais surgiram, como o fato de uma criança ter descoberto que, antes de nascer, devia ter uma irmã gêmea que não sobreviveu. Outra história curiosa foi a de um aluno que, ao recordar seu batizado, relembrou que passou toda a cerimônia chorando até ser acalmado nos braços do padre.
Além das histórias de infância, os alunos também escreveram sobre suas experiências no Centro Pedagógico. Alguns mencionaram o prazer de brincar no parquinho, outros destacaram o amor pela escola e atividades como o basquete e o desenho. Para muitos, o exercício foi uma oportunidade de valorizarem aspectos da vida escolar e familiar que antes passavam despercebidos.
O lançamento das autobiografias teve uma forte carga simbólica, representando um marco no processo de alfabetização e autoconhecimento dos alunos. A atividade demonstrou como a escrita pode ser uma poderosa ferramenta para a reflexão pessoal e para o fortalecimento de vínculos entre a escola e as famílias, além de ser um exemplo de como a educação pode ser enriquecida por parcerias interinstitucionais.
O evento também destacou a importância de projetos pedagógicos que, além de estimular a aprendizagem, permitem que as crianças se conectem com suas próprias histórias e desenvolvam habilidades de expressão e reflexão desde cedo.
Fonte: Sistema de Bibliotecas da UFMG / Carla Pedrosa