A Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Espírito Santo se reuniu com representantes do CRB-6 e Bibliotecários capixabas para discutir a importância das Bibliotecas nas escolas estaduais com profissionais habilitados e o programa “Academia Estudantil de Letras” e os baixos índices de leitura.
De acordo com a delegada do Conselho Regional de Biblioteconomia, Júlive Argentina Santos Serra, nenhuma das bibliotecas escolares do Estado possui profissional especializado para gerir o espaço de leitura. A maioria das bibliotecas estaria sem funcionar, muitas em péssimas condições físicas e ainda com acervo ultrapassado.
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“As que possuem espaço e acervo adequado são geridas por alunos ou professores em desvio de função. Vale ressaltar que o Bibliotecário é responsável pela revitalização do acervo, pela conexão com a equipe pedagógica e também pelo estímulo dos alunos”, ponderou a convidada.
A delegada do Conselho Regional de Biblioteconomia ainda destacou o município de Vila Velha como referência de revitalização e estímulo das Bibliotecas escolares.
“Vila Velha é exemplo de como devem ser as bibliotecas escolares. Atualmente, gerida por um Bibliotecário, os estabelecimentos são frequentados pelos alunos porque possuem bom acervo e espaços físicos adequados. Antes eram 13 profissionais de Biblioteconomia, atualmente são quase 60 e ainda com previsão de concurso até o final do ano”.
O escritor e membro da academia Espírito-santense de Letras, Leonardo Monjardim, também enalteceu o trabalho do município de Vila Velha com as bibliotecas e criticou a defasagem da capital, Vitória.
“Até pouco tempo em Vitória mais de dez escolas não tinham profissionais habilitados para estarem à frente das bibliotecas. Além de não investirem na compra de livros, compram apenas livros didáticos e isso não atrai os alunos e ainda desestimula os que gostam de leitura pela falta de renovação do acervo”, lamentou.
Como apoio ao estimulo á leitura, Monjardim falou da criação do programa “Academia Estudantil de Letras” e ainda aproveitou a oportunidade, para pedir apoio aos parlamentares da Comissão de Educação para protocolar projeto de lei que cria o programa “Abril Laranja”, com intuito de conscientizar a sociedade sobre a importância da leitura.
Outra convidada que esteve presente na reunião foi a professora do departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e pesquisadora na área de Biblioteca escolar, Gleice Pereira. A professora ressaltou que há 35 anos o Estado não promove novos cargos na área e que conta apenas com dois bibliotecários contratados, mas que trabalham diretamente em setores administrativos Secretaria Estadual de Educação (Sedu).
“O Bibliotecário não é valorizado em nosso Estado sendo que a Biblioteca deve funcionar como um cerne das escolas. São nas Bibliotecas que funcionam todas as atividades colaborativas com o professor, atividades oriundas de um programa de disciplina. Bibliotecário e professor devem ser parceiros mútuos. A biblioteca não deve ser um espaço estático e defasado”, destacou Gleice.
Como fruto das informações debatidas, o colegiado fará duas indicações ao Governo do Estado. Uma para que seja realizada a revitalização de bibliotecas e outra para que sejam contratados Bibliotecários.
“Sabemos da quantidade de escolas com suas Bibliotecas abandonadas. Além disso, o governo não tem profissionais de Biblioteconomia para trabalharem em parceria com os professores. Vamos cobrar do governo veementemente porque acreditamos que a base da educação está na leitura, não existe incentivo à leitura sem bibliotecas”, ressaltou Vandinho Leite.
Fonte: Assembleia Legislativa do Espírito Santo