Assim como na canção do rapper e cantor brasileiro Emicida, A Ordem Natural das Coisas, uma das faixas do álbum Amarelo, Rafael Ribeiro Rocha (CRB-6/4014) acorda antes do sol, às 4h15, para ser mais exato, faz um café, toma banho e sai em direção à Contagem (MG). Como é longe, ele pega metrô e ônibus. Aproveita a distância para ler à luz do transporte público. E, como é dito na canção, o sol só vem depois. Às sete, alcança as dependências do Colégio Espírita Professor Rubens Costa Romanelli e toma conta da biblioteca do local, vaga que ocupa após fiscalização do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6).
Ficou sabendo da vaga por meio de um grupo de WhatsApp que reúne pessoas Bibliotecárias e pesquisadores em Ciência da Informação. O anúncio foi feito em setembro e a admissão ocorreu em outubro. Rafael destaca que o trabalho na escola, embora desafiador, tem sido positivo, tanto pela experiência com a equipe escolar, que o acolheu bem, quanto pela chance de aplicar seu conhecimento em um ambiente diferente. “A direção da escola é bem acolhedora e a equipe é unida. O acolhimento foi o melhor possível”, comenta Rafael sobre o início de sua trajetória na instituição.
Entre as suas tarefas mais recentes, Rafael tem se concentrado na reorganização do acervo da escola, um processo que conta com a ajuda de uma estagiária. De acordo com ele, a estruturação do espaço e a organização do material de leitura são fundamentais para oferecer melhores condições aos alunos. E, pelo visto, é um trabalho constante. “No mês de dezembro, vou aproveitar o término das aulas e o pouco movimento na biblioteca para terminar os últimos ajustes no acervo e pensar nos projetos para o ano letivo de 2025”, declara.
O planejamento de projetos pedagógicos também é uma das prioridades de Rafael para o futuro próximo. Ele está desenvolvendo ações direcionadas a diferentes etapas da educação, como o Ensino Fundamental 1, em que pretende trabalhar a formação leitora desde cedo; o Ensino Fundamental 2, focado em leitura de gêneros literários e atividades interdisciplinares; e o Ensino Médio, onde enfrenta o desafio de engajar os adolescentes com a leitura, um público que muitas vezes prefere as redes sociais e o conteúdo digital. “O maior desafio é tornar o hábito de leitura tão atraente quanto o TikTok, sem demonizar a tecnologia, mas aproveitando o seu potencial como aliada nesse processo”, afirma.
Embora sua trajetória na biblioteconomia escolar ainda seja recente, formou na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em novembro de 2021, Rafael tem uma visão clara do que espera para o futuro. Ele pretende continuar sua carreira na área e seguir também no campo acadêmico, com interesse em temas como letramento informacional e educação de jovens e adultos (EJA). A busca por qualificação contínua também o motiva, especialmente no que diz respeito à atuação do Conselho, do qual ele reconhece a importância para a valorização e fiscalização da profissão.
“Afinal, o CRB-6 atua de forma a melhorar a nossa profissão. As fiscalizações são absolutamente necessárias para garantir que as instituições respeitem a categoria, por exemplo. Sem contar outras inúmeras ações realizadas, como a visita técnica do CRB-6 em Contagem em prol da lei 12.244/2010. Portanto, o Conselho é primordial”, ressalta.
Em um contexto em que a biblioteca escolar desempenha um papel crucial na formação dos estudantes, Rafael se dedica a transformar esse espaço em um ambiente dinâmico e acessível, onde a leitura é promovida como um hábito que pode acompanhar o aluno ao longo da vida, como o tem acompanhado. “Minha relação com os livros vem desde a infância. Sempre gostei muito de ler. Hoje, trabalhar entre os livros me faz muito bem. Sou um leitor que está sempre em busca de saber mais, conhecer os autores e as obras. É um vício que faz bem”, finaliza.