Na Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, o Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região através da Comissão Temporária de Bibliotecas Escolares, organizou o Seminário Biblioteca escolar e contemporaneidade, que aconteceu nos auditórios da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (ECI/UFMG). Durante o encontro, que contou com palestras de vários pesquisadores da área, discutiu-se a atual situação da biblioteconomia com o advento de novos processos tecnológicos, e de que maneira o acesso do público deve ser pensado atualmente.
Para dar início ao ciclo de palestras, Mariza Martins Coelho (CRB-6/1637) falou sobre o papel que os bibliotecários associados podem desenvolver em parceria com o conselho. Segundo a presidente, a participação em conjunto dos profissionais com os seus representantes é o que pode garantir uma concretização positiva do trabalho desenvolvido pelo CRB-6. “Nós precisamos também dos bibliotecários para ampliar nossas propostas. O Conselho está aberto para receber sugestões de todos”, afirmou.
Em seguida, a professora Bernadete Campello (CRB-6/255) destacou a importância de se debater o tema proposto pelo Seminário. “Acredito que a escolha desse tema mostra uma preocupação com a educação, que hoje é uma demanda fundamental. Nós, bibliotecários, temos uma função social, e o Conselho, juntamente com a comissão de biblioteca escolar, demonstra essa preocupação”.
Bernadete apresentou, ao longo de sua palestra, uma pesquisa que buscou opiniões de como deve ser uma biblioteca escolar ideal para tipos diversos de públicos que frequentam o espaço. A professora ouviu jovens leitores, bibliotecários, professores e pesquisadores para entender como deve ser uma biblioteca que atenda a todas as expectativas.
O primeiro e principal ator a ser ouvido é o jovem que frequenta a biblioteca. As respostas da pesquisa são variadas, e revelam que as crianças esperam um ambiente descontraído e lúdico. Em outro passo, a pesquisadora ouviu os bibliotecários. Para os profissionais, o ideal de um ambiente de trabalho é que o espaço seja um local de aprendizagem, que possa despertar o interesse dos alunos. Em sua próxima categoria, Bernadete ouviu os professores das escolas. Desta vez, as respostas revelam uma preocupação com a infraestrutura das bibliotecas escolares, que, para quem trabalha com educação, é fundamental. No último caso, que é a categoria dos pesquisadores, Bernadete explicou que uma de suas funções é entender a demanda da sociedade, e tentar, com isso, adaptar o ambiente para obter a melhor forma de distribuir a informação.
Ainda segundo Bernadete, “a biblioteca é um espaço de diversidade de gêneros, de liberdade de leitura, de criatividade, imaginação e curiosidade. É um espaço de pesquisa e busca de informação; é um espaço de interação social”, afirma.
Professora Bernadete Campello conversa com o CRB-6
A literatura infantil e o bibliotecário no ambiente escolar
Lilia Santos (CRB-6/1776) subiu ao palco para debater temas como a literatura infantil e a formação dos leitores na biblioteca escolar. Segundo a palestrante, um importante papel do bibliotecário é a função de mediar o conhecimento entre os livros e o aluno. “Ao mesmo tempo, não há uma solução para evitar a subjetividade do bibliotecário. Ao indicar um livro, o profissional está fazendo de sua indicação pessoal a mediação com as obras que os leitores podem conhecer”, afirma.
Bibliotecária Lilia Santos no Seminário Biblioteca Escolar e Contemporaneidade
Enquanto isso, acontecia em outra sala a palestra sobre a importância da integração do trabalho do profissional bibliotecário com os professores escolares. Para Raquel Vilela, bibliotecária da UFMG, o trabalho que acontece nas escolas não deve ficar a cargo somente do professor. Os profissionais bibliotecários também podem desenvolver ações em conjunto com a escola. “A tarefa mais importante é que nós nos façamos notar no ambiente escolar. O trabalho que acontece na escola pode ser colaborativo. Nós temos conhecimentos que os professores não têm e vice-versa, o que só acrescenta ao aluno”, afirma.
Eficiência em sistemas bibliotecários
A seguir, a bibliotecária Carla Floriana (CRB-6/2117), da Praxis, discutiu sobre a eficiência de um sistema bibliotecário. Para Carla, o sistema tem de ser completamente automatizado. “A questão principal é fugir do básico. Com um sistema automatizado, nossa intenção é priorizar o leitor”, afirma.
Para finalizar o ciclo de palestras, Vilma Carvalho, bibliotecária da UFMG, discutiu a catalogação dos livros e sobre como isso influencia na informação que chega aos usuários das bibliotecas. Segundo Vilma, a catalogação deve ser clara, com um código de fácil compreensão; tem de ser precisa, com uma representação única para cada livro; e padronizada, contendo sempre as mesmas informações para conteúdos semelhantes.
Ainda segundo Vilma, “temos de fazer o trabalho uma única vez. E para isso é preciso que o façamos corretamente. Assim, usaremos a ferramenta de um jeito correto, fazendo com que a informação chegue ao leitor. Não é necessário que reinventemos a roda”.
Finalização
Sindier Antônia (CRB-6/1542), coordenadora da Comissão de Biblioteca Escolar do CRB6, finalizou as palestras destacando a importância de se discutir o tema do seminário. Segundo a bibliotecária, a discussão é fundamental principalmente após a Lei 12.244, que prevê a obrigatoriedade de uma biblioteca cada escola do Brasil. Além disso, salientou que é necessário que se faça um trabalho com o objetivo de ampliar o conceito de biblioteca escolar. “É nossa responsabilidade transformar essa biblioteca, que está funcionando de forma estática, em uma instituição atuante, que atenda completamente nosso aluno”, afirmou.
Cobertura da TV UFMG
A TV UFMG esteve no local para cobrir o evento. Confira a matéria aqui.
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