São Paulo promove em novembro o Emil – Encontro Mundial da Invenção da Literatura, com 200 horas de programação
Em tempos de cortes em ações do governo voltadas para o fomento da literatura, a notícia pode parecer uma miragem no deserto: a cidade de São Paulo terá um novo evento literário a partir deste ano. A primeira edição do Emil – Encontro Mundial da Invenção da Literatura vai ocorrer entre os dias 12 e 15 de novembro. Organizado por entidades como APL (Academia Paulista de Letras), ANL (Associação Nacional de Livrarias) e CBL (Câmara Brasileira do Livro), o encontro terá 200 horas de programação gratuita em aproximadamente 25 lugares da cidade. Serão usados espaços públicos, como Museu da Língua Portuguesa, bibliotecas Mário de Andrade e São Paulo, Pinacoteca, a sede da APL e livrarias com porte para receber grande público, como Saraiva, Cultura e Livraria da Vila.
Entre as atrações haverá mesas de debate com autores, grupos de contação de histórias para crianças e saraus. Curador do Emil, o crítico e colunista da “Folha de S.Paulo” Manuel da Costa Pinto planeja ter cerca de cem escritores nacionais e dez internacionais no evento. Entre os que confirmaram participação estão o angolano José Eduardo Agualusa e os brasileiros Paulo Lins, Michel Laub, Raimundo Carrero e Rubens Figueiredo. O curador não quis revelar detalhes sobre convidados e programação, mas afirma: “Teremos gente consagrada e escritores pop”.
O nome do evento pode soar como algo inusitado – tem termos como mundial e invenção –, mas Gabriel Chalita, secretário municipal de Educação e presidente da APL, afirma que ele faz todo o sentido. “A ideia da invenção está muito ligada à criação”, diz. “À criação de repertório, de personagens”. Além de promover o encontro entre escritores e público, o Emil pretende incentivar a leitura entre os professores da rede pública municipal por considerá-los potenciais incentivadores da leitura entre os mais jovens.
“Acreditamos que professores que têm o hábito da leitura podem atuar melhor em sala e ajudar a criar novos leitores”, diz Chalita. “Mas queremos que o próprio professor escolha o que ler, que não seja imposição de secretaria”. Por isso, a Secretaria Municipal de Educação deve distribuir vouchers no valor de R$ 50 aos quase 80 mil profissionais de educação de sua rede. Subsidiados pela prefeitura, esses vouchers deverão ser usados em livrarias participantes do Emil. A lista das lojas que aceitarão o benefício será divulgada nos próximos dias.
Levar gente às livrarias é uma das ideias da organização. “Queremos ocupar esses espaços”, diz Chalita. Para isso, lojas estão se organizando, por meio da ANL, para oferecer ao público descontos em livros. “Eu gostaria que fosse 40% de desconto”, afirma Chalita. “Mas eles (A ANL) dizem que não podem obrigar (as livrarias a aceitar esse percentual). Pelo menos 20%, 30% eles garantiram para os professores”. Para o público em geral dependerá de cada livraria. Os detalhes do evento devem ser anunciados na próxima terça-feira.
Fonte: O Tempo