A pesquisa Hábitos Culturais, realizada pelo Itaú Cultural (IC) e pelo Datafolha neste ano, mostra que 62% das pessoas estão realizando atividades ligadas à cultura e ao lazer com menos frequência do que antes da pandemia. O estudo, que entrevistou 2.240 pessoas entre 16 e 65 anos, também mostra que as bibliotecas são um dos espaços que mais perdeu visitantes em comparação com os anos anteriores. O levantamento também joga luz sobre as mudanças no consumo de cultura dos brasileiros após as restrições impostas pelo coronavírus. A pesquisa está sendo realizada anualmente desde de 2020 e está em sua terceira edição.
Segundo a pesquisa, de forma geral, 62% dos brasileiros sentem estarem realizando menos atividades culturais do que antes da pandemia, já 26% entende que segue com a mesma frequência e 12% dizem ter aumentado a frequência. Perguntados sobre as atividades culturais e de lazer feitas no último ano, apenas uma das 18 opções apresentadas apresentou crescimento em comparação a antes da pandemia. No caso das pessoas que disseram frequentar bibliotecas ao menos uma vez nos últimos 12 meses, antes da pandemia eram 28% e agora são 11%. Já entre os que disseram ter lido um livro digital no mesmo período, a queda foi de 5%, antes eram 35% e agora são 30%.
Curiosamente, em relação às atividades feitas há mais de um ano, ou seja, em que as pessoas fizeram ao menos uma vez na vida, a atividade mais realizada foi a ida à biblioteca, com 46%, a frente até do cinema. A pesquisa também pediu que os entrevistados dissessem, em ordem de importância, quais as três atividades que mais sentiram falta de fazerem de forma presencial. Novamente, a visita às bibliotecas ficou entre as mais citadas, com 28%, empatada com as apresentações artísticas e perdendo apenas para o cinema.
O crescimento, de apenas 1%, foi registrado entre os que ouviam música on-line, que antes eram 79% dos entrevistados e agora são 80%. O número de pessoas que realizaram atividades como ir ao cinema, escutar podcasts, jogar jogos virtuais, acompanhar apresentações artísticas ou mesmo ver filmes ou séries on-line,registraram queda em comparação aos anos anteriores.
A pesquisa também mostrou como está o consumo de cultura digital e qual a expectativa para a retomada de atividades presenciais, além de avaliar o impacto da cultura na saúde mental dos consumidores. Na parte relacionada aos gastos mensais com cultura, o valor médio foi de R$ 178,00 para atividades presenciais e R$ 128,38 on-line, sendo que 50% dos entrevistados disseram que não gastam dinheiro com cultura. Na parte de saúde mental, 68% responderam que assistir a programação on-line aumentou o bem-estar e 49% afirmaram que no último ano houve alguém com algum problema de saúde mental ou emocional em seu domicílio.
Índice de brasileiros de 8 anos que não sabem ler e escrever dobrou de 2020 até hoje
Um estudo feito pela ONG Todos Pela Educação apontou que, nos últimos dois anos, subiu de 8% para 18% o número de pessoas que não sabem ler e escrever. O levantamento aponta que a pandemia agravou a defasagem no ensino de crianças: dobrou o índice de brasileiros de 8 anos que, na percepção dos pais, não sabem ler e escrever, sendo que, de acordo com a Política Nacional de Alfabetização, o processo de aprendizagem da leitura e da escrita deveria ocorrer aos 6 anos.
Os dados foram obtidos a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-IBGE). Na primeira metade de 2020, quando as escolas já estavam fechadas por causa da Covid, 8% dos alunos com oito anos não estavam alfabetizados. No primeiro semestre de 2022, a taxa subiu para 18%.