A Bibliotecária Suellen Souza Gonçalves (CRB-6/3757), de Teófilo Otoni (MG), tem se destacado na área de Ciência da Informação com sua pesquisa de mestrado focada na recuperação de informações em plataformas de audiolivros, uma abordagem inovadora e relevante no contexto digital brasileiro. A pesquisa, que foi defendida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2024, busca proporcionar soluções práticas para melhorar o acesso e a organização desse formato crescente de mídia.
A dissertação propõe um modelo de recomendação para a recuperação de informação em plataformas de audiolivros no Brasil. De acordo com a Bibliotecária, a pesquisa tem como objetivos específicos identificar e mapear estudos existentes sobre o tema, explorar as funcionalidades das plataformas disponíveis no país, analisar os métodos de recuperação de informação e os metadados utilizados por essas plataformas. O foco é criar diretrizes para a melhoria da organização e acessibilidade dos audiolivros, além de oferecer recomendações práticas para otimizar a experiência do usuário.
Contribuições dos Bibliotecários na padronização de metadados
Em entrevista, Suellen destaca a importância da atuação dos Bibliotecários na padronização dos metadados para audiolivros, considerando a diversidade de conteúdos disponíveis nas plataformas. “Os Bibliotecários são especializados na organização de informações e podem ajudar na adaptação e criação de modelos de metadados específicos para audiolivros. Isso é crucial para que os audiolivros sejam corretamente catalogados e facilmente acessíveis, seja em plataformas comerciais ou em bibliotecas públicas”, explicou. Ela também enfatiza que a implementação de vocabulários controlados e a colaboração com desenvolvedores de plataformas são essenciais para garantir a representação precisa desses materiais.
Desafios da acessibilidade e usabilidade
Um dos aspectos mais importantes da pesquisa da profissional é a acessibilidade. Ela identifica que muitas plataformas de audiolivros carecem de funcionalidades que atendam às necessidades de pessoas com deficiência visual ou outras necessidades especiais. “As plataformas não oferecem funcionalidades como pesquisa por comando de voz ou recursos de zoom, que são fundamentais para a inclusão digital. Na pesquisa, sugerimos melhorias como comandos de voz e a interoperabilidade com dispositivos assistivos”, afirmou.
Suellen também acredita que os Bibliotecários têm um papel ativo na melhoria dessas plataformas, pois podem ajudar a buscar soluções tecnológicas e realizar treinamentos para garantir que os usuários com deficiência tenham uma experiência eficiente ao utilizar os audiolivros.
A integração de novas tecnologias
A integração de tecnologias avançadas, como inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina, também foi um tema central na pesquisa. Segundo ela, essas tecnologias podem melhorar significativamente a recuperação de audiolivros ao permitir recomendações personalizadas para os usuários. “Com o uso de IA conversacional, seria possível criar assistentes virtuais que auxiliam na busca de audiolivros, oferecendo uma experiência mais interativa e personalizada”, explicou.
Além disso, a IA poderia ser utilizada para otimizar a curadoria de acervos e a análise de dados, aprimorando a gestão e acessibilidade dos catálogos digitais. Isso possibilitaria uma integração mais fácil entre plataformas de audiolivros e os sistemas de gerenciamento das bibliotecas.
Interoperabilidade entre plataformas
Outro ponto destacado é a falta de interoperabilidade entre as diferentes plataformas de audiolivros, um problema que dificulta o acesso a um acervo mais amplo e diversificado. Ela acredita que os Bibliotecários podem atuar como mediadores nesse processo, ajudando a estabelecer padrões comuns de metadados e promovendo parcerias com desenvolvedores de tecnologia. “A interoperabilidade entre as plataformas é fundamental para garantir que o usuário tenha acesso ao maior número possível de audiolivros”, afirmou.
Desafios para bibliotecas com menos recursos
Em um cenário de limitações orçamentárias, especialmente em bibliotecas públicas e escolares, Suellen sugere que os Bibliotecários busquem parcerias com plataformas de audiolivros e empresas de tecnologia para viabilizar o acesso a essas ferramentas. Ela cita a iniciativa da plataforma Tocalivros, que em anos anteriores ofereceu acesso gratuito a bibliotecas públicas por meio de um edital. “Embora o financiamento seja um grande desafio, acredito que, com parcerias e políticas públicas voltadas para a democratização do acesso, é possível ampliar a utilização de audiolivros nas bibliotecas”, declarou.
A educação continuada dos Bibliotecários
Suellen também ressalta a necessidade de uma atualização contínua por parte dos profissionais de biblioteconomia, especialmente no que diz respeito ao uso de tecnologias digitais e padrões de metadados. “Infelizmente, ainda há uma lacuna na formação dos Bibliotecários em relação ao uso de novas ferramentas digitais. Muitos acabam aprendendo na prática, o que dificulta a implementação de soluções eficazes”, pontuou.
Ela sugere que sejam desenvolvidos mais cursos e treinamentos específicos para a realidade das bibliotecas, com foco na organização de audiolivros e no uso de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial e a acessibilidade digital.
A pesquisa dela não apenas amplia o entendimento sobre a recuperação de informações em audiolivros, mas também aponta caminhos práticos para tornar essas plataformas mais acessíveis, organizadas e interoperáveis. Sua dissertação é uma contribuição importante para a evolução da biblioteconomia no Brasil, destacando o papel fundamental dos Bibliotecários no cenário digital e na democratização do acesso à informação.
Os interessados em ler mais sobre os resultados dessa pesquisa podem acessar o resumo completo da dissertação aqui.