Aprovada em 1º lugar no concurso da Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos, do Espírito Santo (SEGER-ES), a Bibliotecária capixaba Roberta Dalfior Cola (CRB-6/1002ES) está determinada a fazer a diferença no cenário das bibliotecas escolares do estado. Sua história é um exemplo inspirador de dedicação, superação e amor à profissão.
A trajetória de Roberta na biblioteconomia começou de maneira inesperada. Com formação em Comércio Exterior e Arquivologia, ela já era uma servidora concursada da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). No entanto, a profissional revelou que sentia a necessidade de fazer algo a mais. “Como eu já era concursada e trabalhava na UFES, a facilidade logística era algo que me impulsionava a estudar e a aprender, afinal de contas, estar inserida no ambiente acadêmico e não desfrutar disso seria um erro da minha parte”.
Em 2017, ao se deparar com o vestibular de vagas surgidas da Universidade, decidiu optar por cursar biblioteconomia. Segundo a profissional, a escolha veio após “entender ser uma área complementar à arquivologia e que seria agregadora para o futuro, além de abrir novas portas, novas possibilidades, inclusive para concurso”.
No dia 05 de junho, Roberta tomou posse e entrou em exercício no cargo de Analista do Executivo – Biblioteconomia, através do concurso da SEGER. Segundo ela, “o primeiro mês foi o curso de ambientação e, em julho, assumi minha vaga na Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo (SEDU), local que visualizo um desafio a ser cumprido, pois é sabido que o estado do Espírito Santo tem sido acompanhado de perto pelo Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6), por conta da ausência de Bibliotecários nas bibliotecas escolares da rede de ensino, o que me leva a idealizar uma mudança dessa realidade”.
Além disso, a Bibliotecária revelou que estão trabalhando na implementação do Decreto n.º 5159-R, de 20 de junho de 2022, que institui o “Programa Mais Leitores” no âmbito da rede escolar pública estadual do Espírito Santo. Segundo Roberta, a publicação “abre uma porta a muitas implementações e transformações no cenário atual. Com isso, o trabalho de hoje tem sido conhecer a nossa realidade, a realização de visitas técnicas em algumas bibliotecas, estudo das possibilidades e modos de aplicação do Decreto, oferecimento de ajuda às unidades de bibliotecas escolares, levantamentos estatísticos e, sobretudo, preparação para o que vem pela frente”.
Preparando para o concurso
A conquista de Roberta não foi por acaso, exigiu muito esforço e dedicação. “Eu já trazia algumas bagagens da vida, dos meus trabalhos, dos meus estudos. Por isso, eu já tinha afinidades com algumas disciplinas, matérias e legislações, mas o estudo específico para essa nova etapa de concursos foi sendo adquirido, a princípio, com cursinhos e vídeos que assistia no YouTube. Quando numa fase mais avançada, adquiri muitos livros e tinha uma carga de leitura diária enorme. Eu me descobri através da leitura, descobri a minha melhor forma de aprender, de aprender a questionar”, conta a profissional que leu o seu primeiro livro na quinta série e que, desde então, leu pouco, quase nada.
Além disso, durante o um ano e meio em que estudou para o concurso, Roberta fazia exercícios para testar o conhecimento e conhecer as formas de cobrança das bancas. “Como parte da profissão, todo o meu material era muito organizado, criei esquemas de cores e números para que eu soubesse exatamente quantas vezes eu tinha estudado cada tema, o que eu precisava estudar mais ou aquilo que eu tinha mais familiaridade. Os exercícios, também, ajudaram nessa seleção, já que eu acompanhava as estatísticas de erros e acertos”, contou a Bibliotecária.
Roberta, que nunca tentou ou pensou em seguir uma carreira diferente de servidora pública devido aos exemplos e inspirações que possuía, conta que não teve uma dificuldade específica, isolada. O maior problema enfrentado era ter que dar conta de tudo sozinha. “Eu trabalhei durante todo o processo, precisava cuidar da vida, da saúde, da casa, da alimentação diária, dos imprevistos, tive que abrir mão de horas diárias de sono, aprender a controlar a ansiedade a cada prova, cada edital, cada prorrogação de prazo, lidar com as bancas esdrúxulas e, para não surtar, era necessário achar tempo para estar com a família e com os amigos”, conta a profissional que reforça que tinha que conciliar tudo aos estudos que foi um caminho solitário: “a vida parecia estar parada, parecia que as pessoas viviam enquanto eu sobrevivia estudando e sem ter com quem compartilhar o mundo de coisas novas que eu vinha aprendendo. Mas, tudo isso passa”.
O primeiro lugar não foi esperado, “cheguei numa fase que estava exausta, nem me lembro se tive reação ao ver meu nome em primeiro lugar no concurso da SEGER, só sei que eu não esperava ou imaginava. Eu me lembro que foi uma prova difícil e eu nunca tinha feito uma prova discursiva antes, e quando vi o tema desta – Gestão Pública -, soube que seria um desafio desenvolver, mas escrevi até a última linha e na divulgação do resultado veio a surpresa”, revela a Bibliotecária que diz estar colhendo os frutos dos seus estudos, de toda sua trajetória, de toda a sua história. “Não é fácil, mas vale muito a pena. Foi gratificante e é, também, inexplicável”, conta.
O futuro
Após ser aprovada, também, em primeiro lugar no concurso do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), Roberta deu uma pausa nos concursos “quem sabe um término. Hoje eu quero viver essas conquistas, quem sabe me apaixonar por elas, cumprir minha missão, ser feliz com elas, nelas. Esse é o plano para o presente e para o futuro, buscar a felicidade e realização no trabalho de forma saudável e em paz”, revelou.
Para Roberta, “independente do lugar onde eu estiver, vou fazer todo o possível para fazer a diferença, tornar os sonhos possíveis, ser o exemplo que um dia eu me espelhei. Além de oferecer possibilidades na vida de pessoas com essa profissão que tem importante função social e que é pouco ou nada percebida pela sociedade, pelos governantes, gestores públicos e particulares, e mostrar que, através da leitura, dos estudos, da pesquisa, uma pessoa é capaz de ser agente de transformação da realidade em que vive, é capaz de sonhar e realizar”.