O que começou como uma pergunta sobre como usar um recurso financeiro se tornou um projeto literário que está mudando a vida de estudantes em uma escola em Várzea da Palma, cidade situada no norte de Minas Gerais. O Projeto Estante Mágica, que incentiva a leitura e a escrita, transformou alunos do 7º ano em verdadeiros autores que, agora, veem seus próprios livros impressos e autografados. A iniciativa, que está em sua terceira edição, já se tornou uma identidade da escola e atrai novas matrículas de famílias que desejam ver seus filhos participarem.
A ideia surgiu em 2023 após a escola ser contemplada com o Prêmio Escola Transformação da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais (SEE-MG) e entre os itens que a escola deveria atender, constava “Recurso para produção de materiais diversos de literatura em geral”. Inspirada por uma Bibliotecária de outro município, Sílvia Adriane Alves Trindade de Carvalho (CRB-6/3788) se juntou com uma professora e tiveram a ideia de desenvolver um projeto de produção de livros escritos pelos alunos.
“Gostei mais do atendimento da Estante Mágica e o valor do livro impresso estava menor do que a outra empresa. E os relatos da Bibliotecária que já trabalhava com a empresa me deixaram mais motivada e confiante”, explica Sílvia. Com a decisão tomada, a escola formou uma parceria e mobilizou toda a comunidade. O recurso financeiro do prêmio foi utilizado para comprar cadernos, lápis de cor e outros materiais, que compuseram um “estojo mágico” para cada aluno.
Na primeira edição do projeto, foram cadastradas três turmas do 7° ano do ensino fundamental, um total de 89 alunos. Com o cronograma apertado para a produção dos textos, desenhos e digitalização na plataforma Estante Mágica, mas com o esforço de toda a equipe tudo ocorreu bem. Além disso, a falta de recursos para o evento de autógrafos foi um obstáculo. No entanto, a equipe escolar se uniu: organizaram uma rifa de uma cesta de chocolates, para garantir que todos os alunos tivessem seus livros produzidos.
O engajamento da Bibliotecária é crucial no projeto. Ela atua como articuladora, responsável por tudo: desde o contato com a empresa e o cadastro de alunos na plataforma, até a digitalização dos desenhos, a organização das reuniões com famílias e a confecção de todo o material impresso para o evento, como convites e certificados. Ela destaca o papel da Biblioteconomia no processo, orientando sobre a importância da autoria e do plágio, e garantindo que todas as questões legais, como o uso de imagem, sejam respeitadas.
“Como Bibliotecária, me sinto responsável pelo incentivo à leitura. Participo de todos os eventos literários que são realizados na escola, além do projeto Estante Mágica. Dentro deste projeto, eu oriento as professoras a motivarem os alunos a escreverem textos originais e esclareço sobre a questão do plágio. Oriento sobre a questão do uso da imagem dos estudantes e da importância da autorização dos pais para a participação no projeto, pois no livro tem uma página de biografia com a foto do aluno. Prezo pela organização dos materiais utilizados pelos alunos e em passar todas as informações necessárias às famílias. Então, todo esse cuidado faz parte da nossa obrigação como profissionais da informação, como Bibliotecários.”
Ao longo das três edições, as famílias e os estudantes se apegaram ao projeto. Alunos que estão nos anos anteriores já pensam em como escrever suas histórias na expectativa de participar do projeto Estante Mágica. O projeto já faz parte do plano de ação escolar, que se tornou identidade da escola. Os alunos ficam muito entusiasmados ao escreverem e ilustrarem, se preparam para o evento de autógrafos, envolvem as suas famílias e ficam ansiosos pela chegada dos livros impressos, eles se sentem valorizados.
O ápice do projeto é o evento de autógrafos, um momento cuidadosamente planejado para celebrar os jovens autores. A preparação, que envolve a arrecadação de fundos com rifas e a mobilização de toda a equipe, tem como objetivo criar uma experiência muito especial e inesquecível para os alunos e suas famílias.
“É o momento em que os alunos são colocados como protagonistas! Eles são as estrelas! Eles são os escritores!”, descreve a Bibliotecária. “As famílias se emocionam. Dá pra ver nos olhares dos pais e familiares o orgulho que eles sentem ao ver seus filhos recebendo os livros que eles mesmos escreveram”.
Para o futuro, a escola busca ampliar as parcerias com empresas e a comunidade, reforçando a importância do projeto na promoção da leitura e da escrita. Sílvia deixa um conselho para outros profissionais que desejam iniciar um projeto semelhante: “Que tenham coragem! Que busquem todas as informações necessárias para convencer e contagiar professores e gestores! E, mesmo diante dos desafios, acreditem na capacidade de transformar a vida de estudantes através dos livros”.




