A Revista Educação lança um holofote sobre um tema crucial para o futuro do ensino no Brasil, a necessidade urgente de as bibliotecas escolares reafirmarem seu papel na formação de cidadãos. O debate, que ganha cada vez mais espaço, ressalta que a biblioteca não pode ser vista apenas como um depósito de livros, mas sim como o coração da escola, um espaço dinâmico de inovação e aprendizagem.
Uma escola que não conta com uma boa biblioteca e com um Bibliotecário qualificado perde uma boa oportunidade de formar alunos curiosos, que saibam buscar e usar informações de forma autônoma.
A valorização desses espaços é uma das prioridades do Conselho Regional de Biblioteconomia da 6ª Região (CRB-6), que busca atuar em parceria com gestores públicos para garantir a presença de um Bibliotecário qualificado em cada escola.
Para a professora aposentada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bernadete Campello, a valorização do trabalho do Bibliotecário nas bibliotecas escolares é crucial.
“Penso que o mais importante é o Bibliotecário mostrar que a biblioteca pode ser um recurso de aprendizagem, que está alinhada com os objetivos da escola. Não é uma tarefa fácil. O diretor costuma ver a biblioteca como um problema e não como uma solução. Os professores, em geral, não têm hábito de trabalhar em colaboração; são ciosos de sua autonomia na sala de aula.
O Bibliotecário pode começar buscando parceria com professores mais receptivos. O importante é mostrar que pode colaborar e não acrescentar mais carga ao trabalho do professor. Precisa expor com clareza as habilidades que possui, relativas ao desenvolvimento de habilidades informacionais e de leitura, e que complementam as competências do professor. A partir desses aliados, vai ampliando a ação pedagógica da biblioteca.” Afirma a professora.
Historicamente, a biblioteca escolar foi associada à organização do acervo e ao silêncio. No entanto, em um mundo de excesso de informação e desafios como a desinformação, o papel do Bibliotecário e da biblioteca se transforma radicalmente. Eles se tornam agentes de mudança, auxiliando professores e alunos a desenvolverem o pensamento crítico e a competência informacional.
Quando as bibliotecas escolares não são devidamente valorizadas, perde-se uma grande oportunidade de formar alunos curiosos que agem de forma autônoma e crítica. Bernadete fala da importância da valorização desses espaços.
“Quando falo de biblioteca escolar visualizo uma biblioteca que é um espaço que oferece oportunidades para o aluno desenvolver habilidades de uso de informações e formar-se como leitor. E o principal componente deste espaço é um Bibliotecário que entenda a biblioteca como um lugar de aprendizagem, alinhada aos objetivos da escola. Que atue não só como gestor, mas que seja capaz de criar conexões com os professores e gestores escolares, que levem a projetos pedagógicos que incluam a biblioteca como recurso fundamental.
Uma escola que não conte com uma boa biblioteca e com um bom Bibliotecário perde uma boa oportunidade de formar alunos curiosos, que saibam buscar e usar informações de forma autônoma e crítica, enfim, com o perfil de um pesquisador, como recomenda a Base Nacional Comum Curricular.” Conclui Bernadete Campello.




