Vitória conquistou um marco histórico ao se tornar a capital brasileira com maior acesso da população a bibliotecas. Segundo o levantamento Cultura nas Capitais, 35% dos entrevistados da cidade declararam frequentar esses espaços. A pesquisa foi realizada em todas as 26 capitais e no Distrito Federal, com cerca de 600 pessoas ouvidas.
O estudo também avaliou outros equipamentos culturais, como shows e locais históricos, e reforça a importância das bibliotecas como espaços de acesso à cultura, à educação e à informação. Esse resultado coloca a capital capixaba em destaque no cenário nacional, demonstrando que a população reconhece e utiliza as bibliotecas como parte fundamental da vida cultural da cidade.
Para a professora Gleice Pereira, “esse resultado reflete uma valorização da cultura de leitura e do acesso à informação, vinculada às políticas públicas consistentes de incentivo à cultura e à leitura. Destaca-se também que Vitória-ES é uma capital que conta com uma rede de biblioteca nas escolas municipais, e Vila Velha-ES, município vizinho a Vitória, também conta com uma rede de biblioteca nas escolas municipais. As escolas municipais desses dois municípios, em especial, têm um Bibliotecário por escola. Isso torna-se fundamental para o desenvolvimento do hábito de leitura.”
Ela ressalta que “o acesso frequente às bibliotecas contribui significativamente para o desempenho acadêmico dos alunos, promovendo melhores resultados em leitura e escrita, conforme demonstram pesquisas nacionais. Além disso, ambientes bibliotecários inclusivos potencializam habilidades de colaboração, criatividade, pensamento crítico e autonomia. Projetos realizados nas escolas de Vila Velha e Vitória e na biblioteca pública municipal do ES mostram crescimento na auto estima, habilidades sociais e senso de pertencimento dos alunos, especialmente entre aqueles em situação de vulnerabilidade social. Assim, a biblioteca não é apenas um espaço de estudo, mas de convivência, escuta e construção de competências socioemocionais fundamentais para a vida em sociedade.”
Para Alessandra Atti (CRB-8/6568), conselheira federal e coordenadora do Grupo de Trabalho de Bibliotecas Públicas (GT-BP) do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), as bibliotecas públicas são “instrumentos de transformação social. Ao oferecer acesso gratuito e de qualidade, tornam-se centros de encontro comunitário, de formação crítica e de fortalecimento da cidadania. Ali, a leitura deixa de ser um privilégio e passa a ser uma prática coletiva que amplia horizontes, cria oportunidades e ajuda a reduzir desigualdades.”
Ela reforça que a presença do Bibliotecário é indispensável. “Sem o Bibliotecário, a biblioteca corre o risco de se reduzir a um depósito de livros; com ele, transforma-se em um espaço vivo, dinâmico, integrador e guardião da memória social.”
Esse entendimento reforça a posição do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6), que parabeniza a cidade de Vitória pela conquista e ressalta que continuará atuando para que esse número cresça ainda mais, com o compromisso de que todas as bibliotecas públicas e privadas contem com um profissional qualificado e registrado à frente de seus serviços.