Educação foi o tema principal da Tribuna Popular do mês de março, realizada na sessão ordinária desta segunda-feira (2). Estiverem presentes dois convidados, o diretor da Escola Estadual de Ensino Médio e Técnico Gomes Cardim, Walace Bonicenha, e o bibliotecário Ricardo Girelli, na qualidade de representante do grupo de criação do Sindicato dos Bibliotecários no Espírito Santo (Sinbies).
Ricardo Girelli, destacou que no próximo dia 12 será comemorado o Dia do Bibliotecário, mas que a data é pouco lembrada, principalmente por órgãos públicos. “As nossas escolas estaduais, que vou focar aqui primeiramente, elas fogem do seu dever. Nós temos mais de 500 escolas sob a tutela do Estado em 2012, mas, segundo dados do MEC, 343 escolas responderam que tem um espaço chamado biblioteca, que não é uma biblioteca. Você dá aula sem professor? Um hospital pode fazer cirurgia sem médico? Por que o governo teme, por que uma biblioteca não deve ter bibliotecários? Estamos mais de 30 anos sem concurso público para bibliotecário no Espírito Santo, entra e sai governador e não se abre concurso”, criticou.
Girelli apresentou pesquisa do Instituto Pró-Livro, que revela que o brasileiro está lendo menos, e do Instituto Ecofuturo, que mostra a influência das bibliotecas sobre os potenciais leitores. “De acordo com o levantamento, estudantes de escolas próximas a bibliotecas comunitárias obtêm desempenho superior ao de alunos que frequentam regiões sem biblioteca. Nesses casos, o índice de aprovação chega a ser 156% superior e a taxa de abandono cai até 46%. É desesperador, não vejam minha fala como agressiva, mas como um socorro para a categoria”, ressaltou.
O proponente foi o parlamentar Euclério Sampaio (PDT), que parabenizou o bibliotecário pela persistência. Já o deputado Sérgio Majeski (PSDB), salientou que falta a valorização da educação como um todo. “Aquilo que se entende como importante é quase sempre muito utilitarista. A educação é fundamental como um valor para uma nação e isso não é entendido. A importância da educação só existe em discurso de palanque. O que você traz é inquestionável, a importância de uma boa biblioteca e com um profissional da área”, avaliou.
Escola Gomes Cardin
Atual diretor da Escola Estadual Gomes Cardin, Walace Bonicenha iniciou a sua apresentação contando como foi o processo histórico que levou a constituição da escola como se configura atualmente, incluindo a importância do ex-governador do Estado, Jerônimo Monteiro (1908-1912), e do professor e pedagogo Carlos Alberto Gomes Cardin nessa construção. No final da década de 90, Bonicenha conta que a escola “ficou marcada pelo abandono pedagógico e pela violência explicita e implícita como reflexo do processo de descaso do poder público na última década do século XX. A escola parecia não pertencer a um sistema educacional, pois estava isolada e sem perspectiva”, contou. O ambiente escolar, segundo o diretor, era marcado por agressões físicas e psicológicas, autoritarismo e falta de projetos.
Segundo Bonicenha, a mudança ocorreu a partir de 2004, com a reforma na educação, e principalmente de 2006, quando foram realizadas modificações direcionadas a escola. Atualmente, a escola funciona nos três turnos, sendo o matutino com a oferta do ensino médio e cursos técnicos e vespertino e noturno com turmas de cursos técnicos subsequentes. Enquanto em 2006 eram 208 alunos matriculados, em 2015 este número já aumentou para 620 estudantes.
A escola já ganhou diversos prêmios e é reconhecida por oferecer 21 turmas de educação profissional com 12 cursos, como o de Guia de Turismo, única instituição pública no Estado a ofertá-lo. “A partir de 2013, a escola passou a ofertar o curso técnico em Fabricação de Instrumentos Musicais, sendo a pioneira no Brasil na oferta do curso na modalidade de curso técnico nível médio”, ressaltou o diretor.
A requerente foi a deputada Luzia Toledo (PMDB), que salientou como ficou impressionada com a proposta da escola. “Quero dar os parabéns e dizer que é uma honra como presidente da Comissão de Educação trazer para falar dessa sua luta, dessa sua vocação pelo magistério”, afirmou.
Fonte: ALES | Web Ales | Anna Beatriz Brito