Sete milhões de exemplares já foram distribuídos a instituições da rede pública cadastradas no Censo Escolar
O programa de promoção de bibliotecas nas escolas promove o incentivo à leitura por meio da distribuição de acervos de obras de literatura, de pesquisa e de referência. Atualmente, a iniciativa atende escolas públicas de educação básica cadastradas no Censo Escolar, como é o caso da Escola Municipal Padre Antão Jorge, de Trindade (GO).
Aos 10 anos, o estudante João Carlos Bonfanti tem o gosto pela leitura. Por intermédio do programa, que distribuiu mais de sete milhões de exemplares para escolas de ensino fundamental e médio, o jovem adquiriu o hábito de ler ainda na educação básica.
A mãe do aluno, Virgínia Bonfanti aponta a importância do trabalho feito pela escola e pelos professores. “A escola em que meu filho estuda é preocupada com a formação integral dos alunos”, afirma .
Diretora da unidade de ensino, que recebe estudantes da pré-escola ao 5º ano do ensino fundamental, Olinda Mara de Souza Castro Meireles diz que há horários semanais para as turmas visitarem a sala de leitura. Além disso, os alunos também pegam livros emprestados para ler em casa. “A leitura devia ser um hábito desde o nascimento das crianças”, completa a diretora.
Segundo a secretária de Educação de Trindade, Eva Eny Junqueira, todas as escolas da rede buscam despertar nos alunos o gosto pela leitura. “A biblioteca na escola é um caminho para incentivar os alunos a ler, a despertar o gosto pela leitura”, diz.
Programa em Belém do Pará
O município de Belém, capital do Pará, está prestes a comemorar a conquista de uma meta importante para a educação: a universalização das bibliotecas. Das 60 escolas que compõem a rede municipal, 59 já contam com as coleções. A Lei 12.244, de 24 de maio de 2010, estabelece o ano de 2020 como prazo limite para que todas as escolas organizem as suas.
De acordo com a coordenadora das bibliotecas escolares do município de Belém, Georgette Mesquita Brito Albuquerque, a universalização em Belém deverá ocorrer ainda em 2014. Mas não basta ter os livros. “Estes espaços precisam ser diferenciados. A biblioteca tem que ser capaz de estimular a leitura. Tem que ser um espaço prazeroso para os alunos”, diz.
“O material é de qualidade. O programa funciona bem”, avalia a bibliotecária Luciana Paiva. “Os alunos acessam o material e levam emprestado para casa”, conta. Pais de alunos e a comunidade também usam as bibliotecas escolares.
A biblioteca da escola Municipal de Educação Infantil e Fundamental Professora Alzira Pernambuco passou por revitalização nos últimos anos. “Quando cheguei aqui, há quase dez anos, isso era um depósito”, lembra o professor Hamilton Baker. “Os livros não estavam organizados e não havia bibliotecários. Agora, a cada ano estamos conseguindo atingir as metas de incentivo à leitura dos alunos”, conta.
A biblioteca conta hoje com 5.500 obras, entre literatura infantil, infantojuvenil, contos, dicionários, obras amazônicas, lendas, enciclopédias, romances, religião, direito, periódicos e revistas em quadrinho, entre outras. “Essa biblioteca é uma luta de anos. Não é muito, mas supre as nossas necessidades”, avalia a técnica administradora escolar Nadir Oliveira Moura.
As bibliotecas da rede municipal de Belém investem também na divulgação de autores paraenses, inclusive com a organização de rodas de leitura e outros eventos com a participação dos escritores.
Incentivo à leitura no Rio Grande do Sul
A estudante Bianca Rodrigues da Silva tem um lugar preferido na escola onde estuda, A Cirne Lima, em Canoas (RS): a biblioteca. Bianca gosta de ir para o espaço, abrir um livro e deixar a imaginação viajar.
Cursando o oitavo ano, Bianca lê, em média, um livro por semana. Desenvolveu o hábito desde que foi alfabetizada. “Nossa professora incentivava os alunos a ler. Primeiro, pegávamos os mais fininhos (risos)”, lembra.
Bianca também costuma levar livros para ler em casa, onde encontra mais tempo livre. O pai vende roupas de casa em casa. A mãe trabalha na Ceasa, onde separa e embala legumes e verduras. Sai cedinho e volta tarde. Tem folgas aos sábados, quando Bianca aproveita para conversar mais um pouquinho com ela e trocar ideias sobre os livros.
O acervo disponibilizado pelo programa é composto pelos seguintes gêneros literários: obras clássicas da literatura universal; poema; conto, crônica, novela, teatro, texto da tradição popular; romance; memória, diário, biografia, relatos de experiências; livros de imagens e histórias em quadrinhos.
Incentivo à leitura no Rio Grande do Norte
A Escola Estadual Potiguassu, no bairro Igapó, em Natal (RN), investe fortemente em atividades lúdicas relacionadas à leitura. A escola tem 258 alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental, além de duas turmas da Educação de Jovens e Adultos. Uma das pessoas responsáveis pelo trabalho é a professora Maria das Dores da Silva Timóteo da Câmara.
“As escolas tendem a trabalhar o racional e esquecem o emocional”, diz a professora. Na Potiguassu, a ideia é inverter a ordem. Uma das atividades desenvolvidas pela professora foi a confecção de um livro de autoria coletiva, pelos próprios alunos, a partir das oficinas de contação de histórias.
“A biblioteca é o coração da escola, onde os alunos conhecem mundos diferentes e dão vazão para a capacidade criadora. Isso é muito importante, porque não conseguimos produzir conhecimentos se não conseguirmos criar”, diz Dorinha.
Os alunos dela parecem entender o recado. “Gosto de ler porque a gente descobre uma vida nova, diz Lorran Nascimento, 9 anos. “Gosto de ler porque gosto de raciocinar sobre as coisas do livro, de refletir sobre a história. Quando leio, sinto alegria”, conta Ana Carolina Alves de Melo, 12 anos.