Data de publicação: 01/02/03
Por Flávio Aquistapace
São muitas as estratégias a serem adotadas quando o desafio é aproximar crianças da leitura. Livros de borracha ou de pano, leituras em família, contação de histórias. Um projeto, localizado no interior do Parque da Água Branca, zona oeste de São Paulo, resolveu aproveitar o potencial do espaço urbano para ajudar a formar novos leitores.
Para isso, um verdadeiro oásis de leitura foi construído no lugar que antes abrigava um viveiro de pássaros, dentro do parque. Com foco em crianças de zero a doze anos, o Espaço de Leitura conta com quiosques temáticos, divididos em literatura infanto-juvenil; poesia e literatura brasileira; poesia e literatura estrangeira; acervo diverso; revistas, jornais e gibis; livros e brinquedos educativos para bebês, espaço expositivo e atendimento ao público.
De acordo com Tatiana Fraga, diretora do projeto, a proposta de criar nichos de leitura por afinidades eletivas contribui para os encontros. Ao reunir as pessoas a partir de seus interesses literários, propicia-se a circulação das impressões de leitura, troca de informações, fabulações narrativas, diferentes convivências, próprias de uma comunidade de leitores.
Ela acredita que espaços de educação não-formal, como o Espaço de Leitura, possibilitam contextos diversificados e experiências que ampliam a significação do ato de ler. Por isso, o local conta também com uma equipe de educadores que realizam diferentes atividades de mediação de leitura, como oficinas de criação, contação de histórias, jogos lúdicos e artísticos.
Criação
Por meio da leitura, a iniciativa busca ainda expandir os sentidos para a vida e para os compartilhamentos. “A leitura de livros e a leitura de mundo formam a criança como indivíduo, num trabalho contínuo e incessante, ampliando os horizontes e dando ferramentas para questionar e liberdade para criar”, analisa Tatiana.
Liberdade para criar foi o que experimentaram os jovens e crianças do Centro para a Criança e Adolescentes (CCA) Jova Rural, do Jaçanã/Tremembé. Cerca de 40 estudantes da instituição visitaram o Espaço de Leitura em dezembro de 2012 e, orientados por educadores, dividiram-se em dois grupos para criar uma cena de teatro a partir do galho de uma árvore, e compor uma música funk cujo desafio era a ausência de “palavrões”.
As atividades foram permeadas pela leitura de textos indicados que, de acordo com Ana Carolina Domingos, gerente do CCA, “contribuíram para elevar o interesse deles pela prática, ao associar a brincadeira com a leitura de forma muito envolvente e divertida”.