No último dia 4, o jornal mineiro O Tempo publicou artigo escrito por Mariza Martins Coelho (CRB-6/1637), presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6), que narrou os 50 anos de lutas e conquistas dos bibliotecários e destacou o trabalho da autarquia neste período. Uma semana depois, outro artigo sobre o mesmo tema, também de autoria da presidente do CRB-6, foi reproduzido pelo jornal Estado de Minas.
Confira a seguir a íntegra do artigo veiculado por Estado de Minas:
Bibliotecário: meio século
Mariza Martins Coelho
O bibliotecário é um dos profissionais mais antigos do mundo, cujo ofício remonta aos primórdios das civilizações chinesas e indianas. Ele é responsável por, entre outras funções, classificar, catalogar, relacionar assuntos e fornecer tratamento técnico a diversos tipos de acervo. Além disso, este profissional planeja e executa ações capazes de tornar o conhecimento acessível a todos, lidando não somente com livros, mas com informação de natureza diversa.
Em 2015, nós, bibliotecários, comemoramos 50 anos de regulamentação da profissão, feita em 1965, pelo Decreto 56.725. A partir daquele ano, a classe foi adquirindo mais reconhecimento no mercado e cresceu o número de universidades habilitadas a formar esses profissionais.
Como exemplo de conquista recente podemos citar a Lei Federal 12.244/10. Ela estabelece que, até 2020, todas as escolas do Brasil tenham uma biblioteca sob os cuidados de um profissional com formação no curso de Biblioteconomia, o que de certa forma amplifica o nicho de atuação profissional. Entretanto, de acordo com o Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), existem hoje cerca de 19 mil bibliotecários no país (aproximadamente 2.300 apenas em Minas Gerais e no Espírito Santo) e, para que a demanda seja atendida, esse número precisaria chegar a quase 180 mil – apenas 35% das escolas contam atualmente com bibliotecários.
Essa escassez de profissionais no mercado é preocupante, uma vez que o bibliotecário tem papel fundamental no processo de formação intelectual dos estudantes. Ele é um agente mediador entre a informação e o usuário. No momento crítico por que passa a educação no Brasil – milhares de estudantes receberam nota zero na prova de redação do Enem -, percebe-se a importância de valorizar o hábito da leitura e o uso frequente das bibliotecas.
As oportunidades de trabalho no interior de Minas Gerais são muitas, em razão do número insuficiente de profissionais qualificados nessas regiões, além do crescente número de empresas e instituições de ensino instaladas em cidades com maior potencial de desenvolvimento.
O salário inicial de um profissional nas capitais brasileiras está em torno de R$ 2.200,00. Mas, em regiões interioranas, a remuneração pode oscilar de acordo com o desenvolvimento da região, indo de R$ 1.200,00 a R$ 3.500,00. Outra opção de trabalho são os inúmeros concursos públicos para bibliotecários em órgãos governamentais, em que o salário pode variar entre R$ 4.000 e R$ 8.000.
As novas tecnologias e os novos contextos globais proporcionaram a criação e o desenvolvimento de novas ferramentas para que o conhecimento chegue de forma rápida e satisfatória ao seu destinatário. E o Bibliotecário é o profissional que melhor desenvolve essa atividade.
Novas frentes de trabalho têm surgido, como as redes de informação, empresas de tecnologia, indústrias, organizações do terceiro setor, consultorias/assessorias, escritórios de advocacia, educação à distância, organização de acervos particulares, desenvolvimento de pesquisa, normalização, gestão de serviços de informação, entre outras. Ao mesmo tempo, nos últimos anos, verificamos um aumento na oferta de concursos público na área.
O advento da Internet provocou dúvidas sobre o futuro das bibliotecas e, por consequência, do Bibliotecário. Muito se especulou sobre o fim desses espaços à medida que a rede de computadores crescia. Mas isso não se provou verdadeiro. E certamente não irá acontecer. As novas tecnologias da informação provocaram mudanças no perfil do profissional, exigindo dele o desenvolvimento de novas habilidades. Hoje, o usuário tem à disposição uma infinidade de informações e sede de novos conhecimentos, o que faz ser ainda mais vasto o campo de atuação do Bibliotecário e a abrangência das bibliotecas mundo afora.
O artigo mereceu elogios do blog Compromissos de Pensar e Agir em Educação, de Andreza Santos Xavier. para ler. O site Educacionista publicou partes do artigo.