Acervo de instituição pública iraquiana incluía raridades de até 5000 a.C., segundo a Unesco
Militantes do Estado Islâmico queimaram pelo menos 8 mil livros e manuscritos raros da biblioteca pública de Mossul, no Iraque, no domingo. Segundo o diretor do local, moradores locais tentaram convencer os radicais a não destruírem instalações da biblioteca, mas eles acabaram explodindo praticamente todo o acervo. Eles fizeram depois uma fogueira com livros culturais e científicos, e ainda levaram embora livros infantis e religiosos, segundo testemunhas. O EI também destruiu, no domingo, uma igreja e o teatro da universidade local.
O biblioteca foi fundada em 1921, após o nascimento do Estado iraquiano moderno. Em seu conteúdo, estavam manuscritos que datavam de até 5000 a.C., livros sírios impressos na primeira gráfica do país, títulos que datam do Império Otomano, jornais locais de décadas anteriores e antiguidades como astrolábios. Grande parte era considerada patrimônio raro pela Unesco. O acervo de famílias da alta sociedade da região também era hospedado na biblioteca.
— É uma pena. Costumava ir nos anos 1970. Era um dos grandes lugares de Mossul. Ainda lembro da listagem alfabética dos livros — lamentou Akil Kata, que se exilou da cidade há anos, por conta da instabilidade da região.
Em 2003, invasores destruíram grande parte do local, roubando vários livros e manuscritos. O conteúdo acabou sendo recuperado e devolvido, segundo o ex-diretor adjunto da instituição, Qusai al-Faraj.
Em julho do ano passado, o EI destruiu em Mossul um santuário de dois profestas reivindicados pelos cristãos locais e os próprio muçulmanos.
Mossul foi tomada pelo EI em junho do ano passado, durante o momento mais crítico da expansão territorial do grupo. Forças curdas, com apoio dos EUA e do governo iraquiano, têm lutado para retomar a cidade. O Comando Central militar americano afirmou que mais de 20 mil combatentes estavam sendo preparados para tentar retomar a cidade até maio. O Iraque criticou a divulgação das informações.
O Iraque é tido como berço da civilização, além de ser o local onde vários povos e atividades agrícolas se desenvolveram.
Fonte: O Globo, com agências internacionais