Se o ano passado foi bom para as mulheres que se dedicam à literatura no Brasil, 2014 promete boas surpresas. Novos projetos não faltam a escritoras consagradas como Lya Luft, Mary Del Priore (foto), Márcia Tiburi e Ana Paula Maia. Que o diga Del Priore, às voltas com um novo tema – o sobrenatural – depois de lançar mais de 20 livros de história, entre eles ‘Condessa de Barral – a paixão do imperador’, ‘O príncipe maldito’ e o best-seller ‘Histórias íntimas’.
“Minha paixão é escrever. Estou sempre envolvida com pesquisas que me levam a novos personagens e a buscar narrativas que tragam informação e prazer para o leitor. Desse ponto de vista, meu próximo livro, que está bastante adiantado, será o melhor que puder fazer, ainda mais com esse fascinante tema”, conta ela.
Coisas “do outro mundo” à parte, Mary Del Priore diz que o público brasileiro tem se interessado mais por história, principalmente depois de a mídia dar visibilidade para publicações nessa área. Mas ainda falta multiplicar leitores, acredita a professora, que deu aulas na Universidade de São Paulo (USP) e na PUC Rio. Isso só será possível quando o ensino da matéria for menos afeito a enfoques ideológicos, priorizando a paixão e a curiosidade do leitor. Para isso, adverte Mary, é necessário mudar mentalidades.
“Nosso patrimônio histórico não tem verbas para sua salvaguarda; as comunidades não veem seu passado material ou imaterial como prioridade; nas escolas, faltam políticas de educação patrimonial que consolidem um modelo de cidadania cultural. O terceiro setor, que vem se batendo pelo cuidado aos bens culturais, é ignorado pelas autoridades e pela própria sociedade”, afirma Mary.
MEDIOCRIDADE
Dizendo-se bastante pessimista em relação ao novo ano, “pois, no Brasil, estamos passando por uma fase de mediocridade generalizada”, Lya Luft prepara o lançamento de ‘O tempo é um rio que corre’ (Record), previsto para março. “Trata-se de um pequeno ensaio sobre o mistério do tempo que passa. Acho que as pessoas vão se divertir com a sua leitura”, acredita a gaúcha, autora do best-seller ‘Perdas & ganhos’.
De acordo com Lya, livros de ficção mais densos têm enfrentado dificuldades no Brasil. As pessoas, constata a escritora, querem leitura mais leve e divertida, sem maiores compromissos. “Não é culpa delas, mas do clima de futilidade geral que tem imperado por aí”, resume.
Gaúcha como Lya Luft e radicada em São Paulo, a romancista e filósofa Márcia Tiburi já está escrevendo novo livro, mas evita detalhá-lo para não atrapalhar seu processo criativo. “Será um tipo muito específico de obra de arte”, adianta. Para ela, a literatura brasileira experimentou bom momento no ano passado, apesar dos problemas econômicos, políticos e culturais enfrentados pelo país. “Estou otimista, espero que 2014 seja melhor em todos os sentidos, inclusive o literário”, diz.
A romancista carioca Ana Paula Maia, autora do celebrado ‘De gados e homens’, constata que o público leitor – principalmente feminino – aumentou bastante. “Elas são mais exigentes. Percebo um crescimento do número de mulheres interessadas nos meus livros, o que é uma grata surpresa, pois não são voltados para elas. Espero que 2014 também seja bom para a literatura”, conclui.
Fonte: UAI Divirta-se