Por Brisa Pozzi de Sousa*
Um tema que pode ser considerado irrelevante para alguns, porém de importância para uma sociedade que vive atualmente em um mundo conectado em rede e assoberbado de informações, é a compreensão do que faz o profissional graduado em Biblioteconomia, curso fundamentado pelas pesquisas da área denominada Ciência da Informação (CI).
Não é situação incomum o desconhecimento de ambas as áreas e os profissionais que labutam e pesquisam nesses campos são constantemente avocados sobre o que fazem. Quando esclarecimentos são feitos, percebe-se um olhar estupefato, certa perplexidade em saber que existe mestrado e até doutorado na área. Talvez uma explicação se encontre na popularidade de outras áreas como na química, na medicina ou na engenharia em que as pessoas, de certa forma, observam o que é feito.
O nome bibliotecário esta atrelado a palavra biblioteca, no entanto o profissional pode labutar em diferentes ambientes, sendo em instituição privada, pública ou de forma autônoma, porém desde que se tenha a necessidade de obter informação organizada e tratada. Assim, podem atuar em centros de pesquisas, empresas, universidades, escolas, bibliotecas públicas, entre outras; estar inseridos em contextos digitais ou manuais, terem investimentos econômicos altíssimos que permitam vultosas aquisições e acesso à base de dados caríssimas, como estarem em um contexto difícil de manter atualizado o acervo, pois adquirir os últimos livros publicados constitui por si só um grande desafio.
Independente do meio, estes profissionais possuem a responsabilidade de selecionar os materiais de informação, aplicar-lhes um tratamento, subsidiar pesquisas, dialogar com o usuário em torno de melhorias para o sistema de busca da informação, criar políticas de coleção, aquisição, tratamento, acesso, uso, descarte, entre outras, desenvolver atividades de cunho artístico e cultural, de incentivo a leitura e mais diversas atividades, as quais variam de acordo com o ambiente de trabalho.
A CI possui a informação como objeto de estudo, sendo ela abarcada pela grande área denominada Ciências Sociais Aplicadas. Está alocada na esfera social dialogando com outras áreas e nesse contexto de interação, um renomado pesquisador chamado Birger Hjørland, da Escola Real de Biblioteconomia e Ciência da Informação (Royal School of Library and Information Science) em Copenhagen na Dinamarca, aponta a análise de domínio (domain analysis) como abordagem à CI, enfatizando as dimensões social, histórica e cultural da informação. Hjørland descreve 11 áreas de pesquisa que a CI pode se beneficiar, levando em consideração a referida abordagem:
1) Guias de literatura e portais temáticos; 2) Classificações e thesaurus especializados; 3) Especialidades da indexação e recuperação; 4) Estudos empíricos de usuários; 5) Estudos bibliométricos; 6) Estudos históricos; 7) Estudos do gênero e sobre documentos; 8 ) Estudos críticos e epistemológicos; 9) Estudos terminológicos, linguagens para propósitos especiais e estudos do discurso; 10) Estudos terminológicos e estudos de discursos; 11) Análise de domínio em cognição profissional e inteligência artificial.
O espaço para explicar as 11 abordagens é pequeno, no entanto elas clarificam parte do que é discutido na CI e que de alguma forma esta presente na vida das pessoas. Todas as profissões possuem importância e quando ampliamos nosso entendimento sobre o que nos cerca, melhorias são propagadas.
*Brisa Pozzi de Sousa é bibliotecária do IFES e mestranda da Unesp da Marília, no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação.