Data de publicação: 12/03/2013
A casa que sempre se preocupou com a preservação e tratamento dos registros audiovisuais da cidade ganha agora cuidados especiais dentro do plano de obras para recuperação dos espaços da Fundação Municipal de Cultura. Exemplar da arquitetura residencial da década de 1920, o casarão sede do Centro de Referência Audiovisual (CRAV) está recebendo pintura nova e passando por intervenções para preservar suas características originais.
A partir de orientações de técnicos em patrimônio especialistas em patrimônio edificado, optou-se por uma pintura com tinta de silicato que irá manter as mesmas propriedades da tinta a base de cal usada no período da construção da casa. Será feita também a reconstituição de emendas de reboco com o traço próprio de cal, areia e cimento, mantendo o mesmo efeito característico dos materiais originais.
Na parte interna, nos gradis e nos muros, uma nova pintura está sendo realizada e o telhado da edificação passou por um exame detalhado com o objetivo de sanar eventuais infiltrações que poderiam danificar a casa.
Segundo o gestor do espaço, Gilvan Rodrigues, a importância do trabalho de restauração está não somente no cuidado com um patrimônio imóvel, mas também, “na proteção de todo o acervo existente sobre a história e memória do audiovisual da cidade”, ressalta.
Histórico da Edificação
O Conjunto Urbano Álvares Cabral e Adjacências foi tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte, em 11 de novembro de 1994, como reconhecimento de seu importante valor histórico e referência para a cidade. O imóvel que hoje abriga o Centro de Referência Audiovisual localiza-se nesse conjunto urbano, à Av. Álvares Cabral, 560. O imóvel, datado de 1920, foi projetado por Luiz Signorelli, arquiteto muito atuante na época, tanto com projetos residenciais quanto de arquitetura oficial.
O primeiro projeto para o imóvel foi aprovado na Prefeitura de Belo Horizonte em 1927, constando como proprietário Balbino Ribeiro da Silva. Seu desenho, eclético, foi muito influenciado pelo art noveau, de inspiração romântica, vinculando os sobrados, aos chalés e aos bangalôs. Surge como uma nova tipologia: o sobrado de uso misto ou “palacetes-comércio”, que se disseminou pela cidade principalmente nos anos de 1920.
Seu sistema construtivo é em alvenaria de tijolo maciço, provavelmente assentada com argamassa de cal e areia e o telhado constituído por telhas francesas. A temática da ornamentação é romântica e as esquadrias possuem apliques em massa com desenhos de guirlandas de flores no coroamento das portas e frisos em alto relevo. As fachadas originalmente receberam pintura à base de cal, com os panos mais escuros e os ornamentos em tons mais claros.
No ato de tombamento do Conjunto Urbano Álvares Cabral e Adjacências, considerando o seu relevante valor cultural para o município, o Conselho Deliberativo deliberou também tombar as fachadas e o volume de tal edificação. Na sessão de 25 de fevereiro de 1995, foi ratificado o tombamento do referido bem cultural. E em 25 de março de 2000, foi publicado no Diário Oficial do Município, o Decreto nº 10.202 de 24 de março de 2000, que declarava o imóvel de utilidade para fins de desapropriação.
Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte