A Bibliotecária Gisele da Silva Rodrigues (CRB-6/2404), foi a convidada do Podcast desenvolvido pela Rede Brasileira de Letramento em Saúde (REBRALS), e apresentado pela Professora Emérita Helena Alves de Carvalho Sampaio, no dia 22 de setembro. O episódio teve o intuito de debater sobre Letramento em Saúde e Competência em Informação: Desvendando as Conexões.
Com mais de 25 anos de experiência, a biblioteconomia entrou na vida de Gisele de maneira inesperada, em 1994, aos 18 anos. A profissional revelou que “estava em busca de uma direção para a minha carreira e a biblioteconomia ainda era um campo desconhecido para mim. Foi graças à recomendação de colegas que fui introduzida a este mundo fascinante. Desde o início, sempre tive um interesse particular pela biblioteconomia voltada para a área da saúde, percebendo a profunda conexão entre a gestão da informação e o bem-estar dos pacientes”.
Sua trajetória na biblioteconomia incluiu experiências importantes, como um estágio na biblioteca da Fundacentro, onde a mentoria da bibliotecária Maura Gelais Filogonio desempenhou um papel fundamental em sua paixão pela área. Em sequência, Gisele trabalhou como bibliotecária no Hospital Sofia Feldman, o que reforçou ainda mais seu interesse pela biblioteconomia na área da saúde.
Em 2009, a Bibliotecária ingressou na biblioteca da PUC-Minas, em Belo Horizonte, especificamente no setor de base de dados, onde a demanda por informações em saúde era significativamente alta. Sua carreira também a levou a trabalhar em diferentes instituições, como a Unipac, em Bom Despacho, e o Grupo Educacional Santo Antônio, em Itabirito.
Em 2020, Gisele iniciou seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais, onde aprofundou seus estudos em Competência em Informação e Letramento em Saúde. Paralelamente, começou a trabalhar na Unifenas BH, Campus Itapoã, onde continua atuando até o momento.
A Bibliotecária revela que sua trajetória “com um foco constante na biblioteconomia na área da saúde, consolidou minha compreensão e paixão pela profissão, destacando o papel essencial da gestão da informação na promoção da saúde e bem-estar das pessoas”.
Desta forma, com a combinação de responsabilidades práticas na biblioteca da Unifenas e a busca contínua por conhecimento acadêmico, é possível que Gisele mantenha uma perspectiva equilibrada e integrada, sempre buscando alinhar a teoria com a prática em sua atuação profissional.
O convite
O convite para participar do podcast veio da Professora Helena, considerada por Gisele “ uma figura notável e altamente respeitada no Brasil quando se trata de letramento em saúde”, além disso, a profissional revelou que a trajetória da professora, “e contribuições no campo da Saúde Coletiva a tornaram uma referência nacional no tema de letramento em saúde. Sua vasta experiência e liderança em pesquisas, além de sua participação em organizações relevantes como a International Health Literacy Association (IHLA) e a REBRALS, sublinham a importância de sua voz e orientação nesse campo”.
Além disso, Gisele revela que a interação acadêmica de ambas “foi profundamente enriquecedora, tendo tido a honra de tê-la em minha banca de qualificação e posteriormente na defesa de mestrado. Seus insights e críticas foram essenciais para o desenvolvimento e aprimoramento de minha pesquisa”.
Letramento em saúde
A Bibliotecária revela que a importância de debater sobre letramento em saúde “transcende os tradicionais limites da área médica ou da saúde pública. É crucial trazer essa discussão para o âmbito da biblioteconomia e da ciência da informação. Ao fazer isso, estamos reconhecendo que o acesso, a compreensão e a aplicação da informação de saúde são intrinsecamente ligados à forma como essa informação é gerenciada, organizada e disseminada”.
Ainda segundo a profissional, “o letramento em saúde e a competência em informação são conceitos complementares. Enquanto o letramento em saúde foca na capacidade do indivíduo de acessar, compreender e usar informações para tomar decisões sobre saúde, a competência em informação aborda a habilidade de localizar, avaliar e usar a informação de forma eficaz. No entanto, ainda há uma lacuna significativa na exploração dessas interações, conforme evidenciado em minha pesquisa”.
Além disso, a Bibliotecária explica que “ao integrar o letramento em saúde com os princípios da biblioteconomia e da ciência da informação, temos a oportunidade de abordar a questão da saúde de uma perspectiva informacional, considerando como as estruturas de informação, as tecnologias e os profissionais da informação podem apoiar e melhorar o letramento em saúde da população”.
Sendo assim, Gisele acredita que é “imperativo iniciar uma agenda de pesquisa que explore conjuntamente esses dois temas. Ao estabelecer essa agenda, podemos fomentar uma colaboração interdisciplinar, gerar novos insights e desenvolver estratégias mais eficazes para promover o letramento em saúde em diversos contextos. Em última análise, esse debate tem o potencial de transformar a forma como a sociedade acessa e interage com informações de saúde, promovendo uma saúde melhor e mais equitativa para todos”.
A respeito de sua participação no PodCast, a profissional destaca “a profunda interconexão entre letramento em saúde e competência em informação. Esta relação, apesar de essencial, ainda é insuficientemente explorada no campo acadêmico e prático. Minha pesquisa buscou preencher essa lacuna e identificar as sinergias entre essas duas áreas, e os resultados obtidos enfatizaram a necessidade de uma abordagem integrada”.
Gisele destaca, também, “um tópico de particular relevância, a aplicação prática desses conceitos no ambiente de bibliotecas e no campo da biblioteconomia. Como Bibliotecária, tenho a oportunidade única de interagir diretamente com os usuários e perceber suas necessidades informacionais, especialmente no contexto de saúde. Esta experiência reforça a ideia de que bibliotecas, especialmente em instituições focadas em saúde, têm um papel crucial na promoção do letramento em saúde. Ao fornecer acesso a recursos confiáveis, organizar informações de forma eficiente e educar os usuários sobre como avaliar e aplicar essas informações, os Bibliotecários tornam-se facilitadores essenciais do letramento em saúde”.
Além disso, o trabalho interdisciplinar, que combina biblioteconomia, ciência da informação e saúde é, segundo Gisele, fundamental. “A colaboração entre esses campos pode resultar em estratégias mais robustas e eficazes para promover o letramento em saúde. As iniciativas educacionais, como cursos e treinamentos, que integram esses conceitos, são passos vitais para capacitar indivíduos e comunidades a tomar decisões informadas sobre sua saúde”.
A Bibliotecária ressaltou, também, que sua participação e pesquisa “sublinham a importância de uma abordagem integrada e interdisciplinar para o letramento em saúde e a competência em informação, e acredito que é crucial dar continuidade a esse trabalho, tanto na pesquisa quanto na prática”.