Wellington Marçal de Carvalho
“Prometo tudo fazer para preservar o cunho liberal e humanista da profissão de Bibliotecário, fundamentado na liberdade de investigação científica e na dignidade da pessoa humana.”
Juramento profissional, 13/07/1966
Em 12 de março, celebra-se o Dia do Bibliotecário. Em comemoração à data, a Rádio UFMG Educativa 104,5 FM, em seu programa Falando de livros, abordou as ações do Sistema de Bibliotecas da Universidade. Essa entrevista acabou por me sugerir o quão oportuno seria reapresentar algumas notas gerais sobre essa pauta na UFMG. Então, vamos lá.
O Sistema é composto atualmente de 25 bibliotecas localizadas nas várias unidades acadêmicas que funcionam no campus Pampulha, algumas no Centro de Belo Horizonte, uma biblioteca de ciências agrárias em Montes Claros, no Norte de Minas, outra no novo campus cultural em Tiradentes e uma biblioteca vinculada ao Instituto Casa da Glória em Diamantina, que integra a estrutura do Instituto de Geociências. Temos aproximadamente um milhão de itens no acervo.
Assim como as demais instituições que mantêm bibliotecas, a UFMG trabalha há bastante tempo com o desafio de desenvolver seu acervo, sobretudo em relação a obras abrigadas em outros suportes que não o tradicional livro impresso. Contamos com uma biblioteca digital consolidada de teses e dissertações e, atualmente, estamos envolvidos na tarefa de digitalizar, o mais rapidamente possível, a produção científica dessa natureza dos nossos cerca de 70 programas de pós-graduação. Também oferecemos acesso à base de dados do Portal de Periódicos da Capes e temos dedicado especial atenção à necessidade de incrementar nosso acervo de livros eletrônicos, os chamados e-books.
Ao mesmo tempo que investimos no desenvolvimento da coleção, trabalhamos na vertente da preservação. Como instituição que forma pessoas, a UFMG veicula boas práticas de preservação do acervo do Sistema de Bibliotecas. Parte da estrutura da Biblioteca Universitária, a Divisão de Comunicação desenvolve campanhas de preservação de acervo, uma vez que repará-lo e restaurá-lo é muito oneroso para os cofres da instituição. A prioridade é investir recursos na aquisição de outros acervos e, para isso, a comunidade tem de se conscientizar de que é preciso fazer uso responsável do material bibliográfico.
É importante praticar algumas ações simples e que farão muito bem aos acervos, sejam particulares ou pertencentes às bibliotecas da Universidade: não comer ao utilizar os livros, não dobrar as páginas e não afixar clipes.
Um dos motivos pelo qual esse acervo deve ser preservado é o fato de se constituir em patrimônio da instituição, um bem do qual a Universidade tem de prestar contas. Quanto à sua importância como patrimônio imaterial, duas coleções servem de exemplo: a Memória Intelectual, instalada no quarto andar da Biblioteca Central, na Divisão de Coleções Especiais, com valor inestimável para se entender alguns aspectos da formação da mentalidade do nosso país, e a de Obras Raras, com exemplares que são únicos no mundo. Isso revela o compromisso e a responsabilidade da Universidade em preservar, disponibilizar, disseminar e cultivar a história.
Com esses breves exemplos, demonstrei um pouco do cotidiano do fazer biblioteconômico. Existem desde o campo de atuação que leva em consideração a faceta mais tecnicista da área, aquela que trata a informação, cataloga, indexa, confecciona fichas catalográficas e prepara o material para circular, até os ambientes em que o aspecto humanista da profissão é mais exigido. A sociedade avança, e o nosso fazer acompanha esse movimento. As tecnologias de informação e de comunicação são absorvidas por nós, que exercemos influência sobre a proposição dessas ferramentas. Logo, a profissão se mantém forte e relevante.
Reforço o convite para que visitem as unidades do Sistema de Bibliotecas da UFMG e nos ajudem a fazer que elas cresçam e cumpram o seu papel como potencializadoras de informação e de mecanismos que levarão o nosso país a um desenvolvimento mais justo.
Antes de concluir, voltemos à efeméride a que fiz alusão no início. Este é um ano de festejos da profissão. Comemoramos os 49 anos do Conselho Regional de Biblioteconomia da 6ª Região (Minas Gerais e Espírito Santo), os 50 anos do Conselho Federal de Biblioteconomia, da regulamentação da profissão de bibliotecário e do Setor Braille da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, além dos 65 anos da Escola de Ciência da Informação da UFMG. Parabéns a todos os bibliotecários!
Bibliotecário-documentalista, dirige a Biblioteca Universitária/Sistema de Bibliotecas da UFMG. É doutorando em Letras/Literaturas de Língua Portuguesa na PUC Minas
Fonte: UFMG