No dia 30 de setembro, o Conselho Regional de Biblioteconomia 6ª Região (CRB-6) e a Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRT-3) realizaram, no prédio do Centro Cultural da Justiça do Trabalho de Minas Gerais, um evento em comemoração aos 40 anos da Biblioteca do TRT-3 e aos 50 anos de regulamentação da profissão de bibliotecário.
Emília Faccini deu início às palestras com um depoimento sobre a importância da profissão de bibliotecário no contexto atual do Brasil. Contou também sobre suas primeiras experiências com as bibliotecas e como seus funcionários foram fundamentais para sua formação. “Cresci em uma cidade do interior e na época gostava de ir à noite para a biblioteca. Ainda acho importante ir às bibliotecas físicas. Lá, a possibilidade de conhecer novos livros pelas indicações dos bibliotecários é fundamental”, conta a desembargadora.
Segundo Faccini, a parceria entre CRB-6 e o TRT-3 enriquece a homenagem do Tribunal. “Comemorar essas datas tão significativas para nossa biblioteca é um marco importantíssimo para nós. Mesmo porque a justiça do trabalho sempre zela pelo direito de todas as profissões, e nós estamos felizes em abrigar um evento tão significativo para os bibliotecários.”
Monica Sette Lopes discursou sobre a recuperação de documentos antigos. Segundo a desembargadora, o trabalho dos bibliotecários está intrinsicamente ligado com a obtenção dessas informações, que, apesar de suas produções já terem até séculos de idade, ainda hoje influenciam nas decisões judiciais de nossa época, tendo suma importância para os casos jurídicos atuais.
Para Monica, a questão principal do evento foi aprofundar uma discussão sobre o novo contexto tecnológico. “O que está acontecendo é uma digitalização do direito brasileiro. O sistema judiciário está em processo de transição do papel para o suporte digital e muitos profissionais jurídicos estão tendo dificuldade em se adaptar”, aponta a jurista.
Regina Célia de Souza, presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), falou sobre a adaptação das bibliotecas às novas tecnologias digitais. Também citou a necessidade de transitoriedade dos bibliotecários atuais para novos modelos de gestão. “A inserção de softwares controladores do acervo é essencial na profissão, assim como o uso da tecnologia para a melhoria da qualidade dos arquivos por parte dos profissionais” disse. A presidente do CFB citou, ainda, a criação de fóruns para ampliar o diálogo na resolução de problemas do contexto jurídico, por exemplo.
Já a presidente do CRB-6 frisou sobre como a profissão de bibliotecário tem se destacado atualmente. Sobre a especulação de uma crise que poderia ser causada pelo crescimento da tecnologia, Mariza disse que a discussão não é nova, mas que é possível passar pelas dificuldades. “O que a gente tem percebido é que o bibliotecário consegue marcar território. Nós temos as ferramentas para organizar e divulgar informações que interessam a diversos tipos de público, como o jurídico, por exemplo. Também existe a demanda criada pela Lei 12.244, que prevê a universalização da biblioteca escolar e a contratação de bibliotecários para as instituições das escolas. Por isso, eu vejo que o mercado está aquecido”, reitera.
Sobre receber um evento importante para sua profissão na instituição em que trabalha, Márcia Lúcia Neves (CRB-6/1485), bibliotecária do TRT-3, disse que a intenção principal é abrir portas para a organização de um movimento de discussão da profissão. “Acho que as bibliotecas precisam se fazer conhecidas. Nós somos uma peça importante para a sociedade e temos que passar essa relevância. Eventos como esse divulgam as instituições e incentivam outras pessoas a pensarem sobre a biblioteconomia. Esse é também um apoio importante que a parceria com o Conselho traz”, afirma.
Estudantes da área comparecem ao evento
Jéssica de Sá, estudante de Biblioteconomia, estava no evento por indicação de sua professora. As palestras, para ela, contribuíram para aumentar o conhecimento de outras áreas de atuação da biblioteconomia. “Eu trabalho em uma escola da rede municipal e não tenho muito contato com bibliotecas específicas, como é o caso da jurídica. É importante conhecer melhor outras áreas que contemplam a nossa profissão”, conta.
Karin Gabel, colaboradora da biblioteca do TRT-3, considera fundamental a participação estudantil em eventos como esse para a propagação do conhecimento da área. A biblioteca especializada, segundo Karin, foi um tema muito bem trabalhado nas palestras, e os estudantes puderam ter uma visão melhor das variadas atuações da profissão em que estão se formando.
Encerramento artístico
Após o coffee break, quem finalizou o seminário foi o artista Geraldo Capeta, que animou os presentes com uma encenação teatral, interpretando o clássico sobre a beleza da vida, de Gonzaguinha, com ativa participação do público.
Esse evento, que contou com a participação de quase 100 bibliotecários, faz parte de das ações que o CRB-6 que está realizando desde março deste ano em comemoração ao Jubileu de Ouro da profissão de Bibliotecário. Até marco de 2016, outros eventos acontecerão. O próximo está previsto para o final outubro. Confira parte da programação aqui.